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sábado, 14 de janeiro de 2012

Bairros de Porto Alegre - Parte II (Em Montagem)

Bairros  - Parte II
41. Arquipélago

O Bairro Arquipélago composto por 16 Ilhas, é um dos bairros mais peculiares de Porto Alegre. Além da condição natural da localização, com sua extensa área verde e biodiversidade, os motivos da sua especificidade também estão ligados à vivência íntima de seus habitantes com as águas, que adaptaram seus modos de vida às condições naturais da região, transformando a natureza para ali constituírem locais de moradia e formando uma cultura própria dos ilhéus.

Ilhas do Delta

A primeira ocupação das ilhas do Arquipélago, conforme indícios arqueológicos, data do século XVI, e seus primeiros habitantes eram índios guaranis.
Com a ocupação do Rio Grande do Sul, os índios obrigaram-se a buscar outras regiões do Estado.

Segundo os moradores antigos do Arquipélago, no século XVIII as ilhas Saco do Quilombo, Maria Conga também chamada Ilha do Quilombo (atual Ilha das Flores) e Maria Majolla abrigaram ancestrais escravos.
A presença de quilombo nas Ilhas é assunto ainda pendente de estudo aprofundado, porém documentos da Câmara do século XIX comprovam a presença de população negra na Ilha em 1810, e dá indícios que sua ocupação seja anterior a esta data.

Delta

No início do século XIX, as Ilhas abasteciam o centro da cidade com seus produtos, principalmente capim, hortaliças e peixes.
Mas, a partir do final deste século, a pesca foi a principal atividade econômica dos ilhéus.
Foi assim até meados de 1970, a pesca era artesanal e abundante, sendo o barco o meio de transporte por excelência.

O processo de desenvolvimento urbano da cidade altera o modo de vida de seus habitantes, como a construção da ponte do Guaíba que, paulatinamente, diminui o uso do transporte fluvial. Por sua proximidade e facilidade de acesso ao Centro da cidade, houve significativo aumento populacional, sendo que as com maior número de habitantes são: - Ilha da Pintada, Ilha Grande dos Marinheiros, Ilha das Flores e Ilha do Pavão.
Nesta última, funciona uma das sedes do Grêmio Náutico União, tradicional clube de Porto Alegre.
Das dezesseis ilhas que compõem o Arquipélago, a Ilha das Garças pertence ao município de Canoas, e a Ilha das Figueiras, ao município de Eldorado.

Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas junto ao Arquipélago, especialmente pelos freqüentes alagamentos, seus moradores encontram alternativas de atividades econômicas, como a das catadoras de lixo da Ilha Grande dos Marinheiros, que desenvolvem um importante trabalho de reciclagem, traduzindo-se como fonte de renda e preservação da natureza.

Oficialmente, o bairro Arquipélago foi constituído pela Lei nº 2022 de
07/12/1959 com um total de dezesseis ilhas.

Em 1976, por decreto oficial, o Arquipélago faz parte do Parque Estadual do Delta do Jacuí.
Em 1979, o governo Estadual institui o Plano Básico do Parque com o objetivo de disciplinar a ocupação e evitar a degradação ecológica, e a administração do bairro ficou a cargo da Fundação Zoobotânica.criado pela Lei nº 2022 de 07 de dezembro de 1959, fica dentro do Parque Delta do Jacuí, na parte que fica em Porto Alegre.

Limites atuais
É formado pela Ilha da Pintada e todas as demais ilhas do Delta do Jacuí, que fazem parte da zona suburbana do município de Porto Alegre.
Colônia de Pescadores


42. Menino Deus

HISTÓRICO - MENINO DEUS

Capela do Menino Deus, final século XIX

Considerado o mais antigo bairro de Porto Alegre, o Menino Deus desenvolveu-se a partir de dois caminhos abertos na década de 1840 em uma região que, exceto por algumas chácaras, “não passava de um cerrado e escabroso mato”.
Tais caminhos viriam a se transformar nas atuais avenidas Getúlio Vargas e José de Alencar.

Igreja do Menino Deus, de frente a Rua 13 de Maio

A denominação do bairro originou-se da devoção ao Menino Deus, crença introduzida em Porto Alegre pelos colonos açorianos.
A Capela do Menino Deus, inaugurada em 1853 e localizada na praça do mesmo nome, converteu-se em centro de peregrinação em virtude de festas natalinas, que atraíam inclusive moradores do centro da cidade e de outros bairros em formação.
As casas erguidas ao redor da Capela e a abertura de novos caminhos como a Rua Botafogo, em 1858, impulsionaram o desenvolvimento da região.

Vista, início século XX

Outra evidência do crescimento do bairro é a inauguração, na década de 1860, de uma linha de transporte público.
Tratava-se da “maxambomba”, veículo de propriedade particular que transportava passageiros em viagens lentas e acidentadas, e que entrou no Menino Deus em 1º de novembro de 1864, causando comoção generalizada.
Apesar da referência, pelo nome, à locomotiva a vapor carioca, tudo indica que a maxambomba era puxada por burros, já que alguns cronistas a qualificam, ironicamente, como “um veículo que de vez em quando parava para dar descanso aos animais, que iam pondo a alma pela boca”.

Prado do Menino Deus, início século XX

Além das tradicionais celebrações de Natal, realizava-se também no Menino Deus a procissão dos navegantes, antes da construção da igreja da santa protetora dos marinheiros no arraial dos Navegantes.
A transferência da imagem da santa para outro bairro gerou sérios desentendimentos e o descontentamento da população do Menino Deus, que perdia assim uma de suas festas mais concorridas.

Vista do bairro, década de 1990

A ligação do bairro com a Cidade Baixa e o Centro dava-se através da atual Avenida Getúlio Vargas, que tinha seu início na ponte sobre o Arroio Dilúvio, erguida em 1850. As periódicas enxurradas do Dilúvio destruiram a ponte original em 1873 e destruiriam as outras pontes construídas posteriormente.
Somente na década de 1940, com a retificação e a canalização do arroio, o problema das enchentes no Menino Deus foi resolvido.

Com o prolongamento da Avenida Borges de Medeiros, após o aterro da Praia de Belas, o acesso ao Menino Deus foi ampliado, criando-se assim uma nova zona de crescimento para o bairro.


43. Azenha

HISTÓRICO - AZENHA

Antiga Ponte da Azenha - século XIX

A origem do Bairro Azenha remete à figura de Francisco Antônio da Silveira, um açoriano que chegou a Porto Alegre na metade do século XVIII e se instalou na margem esquerda do arroio Dilúvio, nas proximidades do atual Hospital Ernesto Dornelles.
A construção, neste local, por volta de 1760, de uma máquina para moer trigo — uma azenha — transformou Francisco Silveira no “Chico da Azenha” e batizou a região.

Década de 1930

Com seu moinho de roda movido a água, acumulada em uma represa construída no leito do arroio Dilúvio, o Chico da Azenha converteu-se no primeiro plantador de trigo e fabricante de farinha de Porto Alegre.
Suas plantações eram extensas, abrangendo uma área que incluía os altos da Azenha (zona hoje ocupada pelos cemitérios).
Para o cronista Ary Veiga Sanhudo, “o Chico da Azenha, muito atarefado em moer o trigo que a freguesia lhe trazia e ainda cuidar da família - 17 filhos - nunca se deu conta que estava fundando um bairro”
No entanto, foi exatamente isso o que ocorreu.

Década de 1960

Tendo em vista o desenvolvimento de suas atividades comerciais, o açoriano ergueu uma ponte sobre o arroio Dilúvio para viabilizar o tráfego entre as duas margens.
A estrada que se dirigia desta ponte até o atual centro da cidade ficou então conhecida como o Caminho da Azenha.
Atualmente ela corresponde à Avenida João Pessoa e à Avenida da Azenha.

Nascido em torno do local no qual Francisco Silveira se instalou, o bairro acabou por se desenvolver, com o tempo, em direção à região sul da cidade.
O surgimento de pequenas estâncias e a construção de casas, bem como de outros moinhos, contribuiu para tanto. O avanço do processo de urbanização, segundo Sérgio da Costa Franco, pode ser evidenciado a partir de 1870 quando um abaixo assinado de moradores solicitou ao poder público a instalação de lampiões nas ruas.

Em 1905 iniciou-se o trabalho de calçamento do antigo Caminho, já chamado de Rua da Azenha.

Junto a Ponte da Azenha

Com sua avenida principal pontilhada por lojas, a Azenha representa atualmente um dos mais importantes pólos comerciais da cidade, visitado diariamente inclusive por moradores de outros bairros.
O intenso movimento espalha-se por bares, farmácias, bancos, lancherias, casas de vestuário e de calçados, além das tradicionais lojas de autopeças.
por Luciano Ávila

44. Santo Antônio


45. Partenon

HISTÓRICO - PARTENON

Instituto Psiquiátrico São Pedro - Início século XX

Há certa estranheza quando se ouve falar num Partenon, aqui, em Porto Alegre. Originário de uma realidade tão distante, este nome se refere ao templo grego, erigido sobre um morro ateniense, em virtude da deusa Minerva. E como esse nome veio parar aqui, muitos séculos depois dos clássicos gregos?

Tudo começou quando, alguns literatos locais desenvolveram o hábito de se encontrar com certa freqüência. Desses encontros nasceu a Sociedade Partenon Literário, oficialmente fundada em 1868. Sem endereço fixo, perambulavam pelas livrarias e cafés da cidade. Com o seu crescimento e o aumento de prestígio, um ilustre componente deste seleto grupo, propõe a construção de uma sede, onde se realizariam os encontros.
É então que um de seus colegas, estupefacto com a idéia, doa algumas de suas terras, e não é que estas se localizavam no topo de um morro! - Deslumbrando a paisagem ao sopé do morro, pela Estrada de Mato Grosso (atual Avenida Bento Gonçalves), os membros da sociedade sonhavam em ali construir uma réplica do Parthenon Grego.

Em 1873, onde hoje é a Igreja Santo Antônio do Partenon, foi solenemente lançada a pedra fundamental do templo, e que não passou muito disso. É que discórdias internas foram paralisando o andamento da obra; via-se a necessidade de apoio financeiro.
“Paralelamente, um grande plano de urbanização e loteamento da área encontrava-se em curso.” A intenção deste loteamento era criar na região “um Éden, aproveitando a natureza exuberante, as fontes d’água e o clima agradável.”

Num acordo, o loteamento usufruiria do nome Partenon e a sociedade receberia parte do terreno a ser loteado.
Mas em 1899 a sociedade se dissolve e doa seus terrenos a Santa Casa de Misericórdia. Então, do sonho restou o nome, e a comunidade.
 Esta parece que já andava habitando os arredores deste tumultuado arraial, surgidas ali pela Estrada de Mato Grosso, que é o mais velho caminho de ligação de Porto Alegre a Viamão.

As primeiras ruas que geraram as demais, foram a Rua Dr. Caldre Fião, atualmente Rua Paulino Chaves, mas que cedeu seu nome a outra, um pouco mais abaixo da original, e a Rua 18 de junho, dia da fundação da Sociedade Partenon Literário, não existindo mais e não deixando muito registro da sua localização, supõe-se apenas que era na Rua Luís de Camões.

Tanto a afirmação do nome, como o próprio desenvolvimento do bairro, deu-se, em princípio, através de uma linha de bonde que para lá se dirigia.
O bonde que a esta linha servia, foi apelidado de “caixa-de-fósforos”, devido ao seu formato e tamanho; era puxado a burros e levava mais de hora para completar seu trajeto, do Centro até o bairro.
Com ele vieram os primeiros compradores de lotes, portanto, os primeiros moradores do, agora sim, Partenon.
Mas o verdadeiro impulso surge com o Prado Boa Vista, do bairro Santana mas que se avizinhava com o Partenon.
Maior movimento, mais moradores.
Pois então em 1884, mudam-se para lá 41 alienados , inaugurando os pavilhões do Hospício São Pedro, nome que homenageia a cidade, que chamava-se primeiramente, Província de São Pedro. Com ele, mais uma linha de bonde chega ao local, facilitando o acesso ao arraial.

A igreja que hoje ocupa o local destinado ao templo, tem função importantíssima para o desenvolvimento, tanto do bairro Partenon, como o Santo Antônio, já que ambos cresceram e se espalharam ao seu redor.
Fundada em maio de 1875, a igreja catalisou muito bem toda a comunidade que se implantava ao seu encosto.

Finalmente, em 1910, chega o bonde elétrico, e o crescimento é impulsionado. Desenvolve-se o comércio, fundam-se escolas, melhora-se a infra-estrutura.
“O Partenon é um bairro industrial, comercial, mas principalmente, residencial.”
Hoje é um bairro próximo do Centro mas que ainda conserva aqueles ares de cidade do interior, calma mas sem deixar de desenvolver seu comércio.

46. Vila João Pessoa

47. São José

48. Agronomia

Prédio da Escola de Agronomia da UFRGS, início de século XX

Terminal UFRGS

49. Santa Teresa


50. Teresópolis

HISTÓRICO - TERESÓPOLIS

A origem do bairro Teresópolis, segundo a tradição, remonta ao ano de 1876, quando Guilherme Ferreira de Abreu dividiu um terreno de sua propriedade em lotes a fim de assentar algumas famílias de emigrantes italianos.
O nome do loteamento seria uma homenagem a seu irmão, Francisco Ferreira de Abreu, médico no Rio de Janeiro e agraciado por D. Pedro II com o título de Barão de Teresópolis.

Festa da Uva - início século XX

O loteamento, no entanto, localizava-se na Tristeza, e não no atual bairro Teresópolis. Sérgio da Costa Franco, em seu “Guia Histórico” de Porto Alegre, afirma que o arraial de Teresópolis desenvolveu-se a partir da antiga Estrada da Cavalhada, cujo primeiro segmento — hoje Avenida Carlos Barbosa — era chamado, desde 1896, de Avenida Teresópolis.
Provavelmente por constituir, antes de 1900, o único caminho até à Tristeza e, conseqüentemente, até à colônia organizada por Guilherme Ferreira de Abreu.

Os terrenos que iriam dar origem ao bairro foram comercializados, a partir de 1901, pela Companhia Territorial Rio-Grandense, empresa responsável pelo loteamento de áreas em toda a cidade.
A atual Praça Guia Lopes — localizada em uma área doada por Maria Luiza Fernandes, esposa de Antônio Manuel Fernandes, ex-presidente da Câmara Municipal - constituiu o núcleo central de Teresópolis, tendo sido batizada originalmente de Praça Dona Maria Luiza.

Bonde Linha Teresópolis

A partir de 1908, começaram a ser organizadas na referida praça as festas e exposições de frutas, especialmente da uva, que congregavam produtores agrícolas tanto das chácaras de Teresópolis quanto das propriedades da Vila Nova e da Tristeza.
Tais eventos objetivavam basicamente a troca de experiências entre os agricultores, a fim de que os mesmos melhorassem suas lavouras.

Na exposição de 1910, durante a “Festa da Árvore”, o primeiro prêmio do concurso coube ao Dr. Campos Velho, “por ter apresentado o melhor e maior conjunto de uvas para mesa e para vinho”.

Em 1938, com a remodelação da Praça D. Maria Luiza, as festas deixaram de ocorrer. No período em que se realizaram, contudo, foram responsáveis pela difusão e aperfeiçoamento do cultivo de árvores frutíferas, bem como pela distração e lazer proporcionados aos moradores do bairro.


51. Glória

HISTÓRICO - GLÓRIA

Cascata da Glória - 1909

O arraial da Glória nasceu, no final do século XIX, por iniciativa da Família Silveira Nunes, que doou ao poder público um terreno através do qual foi aberta uma via de ligação entre duas estradas paralelas, hoje conhecidas como Avenida Carlos Barbosa e Avenida Oscar Pereira. Tal via corresponde à Rua Nunes e marcou o início do novo bairro.

Abate no Arraial da Glória - 1905

A denominação Glória, segundo a tradição, remete à figura de Dona Maria da Glória, esposa do coronel Manoel Py, o proprietário de um sobrado que servia como ponto de referência na região.
O historiador Sérgio da Costa Franco afirma, contudo, que o nome foi dado ao bairro por Luiz da Silveira Nunes, em 1890, tratando-se de uma homenagem à “gloriosa” Proclamação da República ocorrida um ano antes.

Lomba do Cemitério

De acordo com o cronista Ary Veiga Sanhudo, o bairro correspondia a um campo vasto, repleto de árvores de grande porte, antes do processo de urbanização.
Uma paisagem resplandecente, capaz de “encantar as mais duras sensibilidades”. Nessa época, o único caminho existente era a Estrada de Belém - que ligava Porto Alegre à povoação de Belém Velho - posteriormente chamada de Estrada da Cascata e, atualmente, de Avenida Professor Oscar Pereira.

Vista - década de 1910

A venda de terrenos por parte da Família Silveira Nunes e a conseqüente abertura de novas ruas viabilizaram o crescimento do bairro.
Também contribuiu para tanto a inauguração da linha de bondes Glória, em 1896.
Nessa época, o coronel Manoel Py - que havia comprado terras dos Nunes e iniciado um loteamento - participava da diretoria da Companhia Carris, circunstância que facilitou a implantação da linha férrea.
Um desenvolvimento mais intenso do bairro, todavia, se daria apenas a partir de 1935 quando o serviço regular de abastecimento de água foi implantado.

Cascata da Glória - 1909

Entre 1893 e 1894, em uma área reservada por Luiz da Silveira Nunes, foi construída uma pequena capela que seria substituída, em 1915, pela Igreja de Nossa Senhora da Glória.
Tanto a Igreja quanto o Morro da Glória - mais conhecido como Morro da Polícia, com 350 metros de altitude - constituem símbolos permanentes do bairro.
por Luciano Ávila


52. Coronel Aparício Borges

A ocupação da região onde se situa o Bairro Coronel Aparício Borges tem suas origens na segunda metade do século XIX.
O local onde hoje se encontram os contigentes da Brigada Militar era conhecido como Chácara das Bananeiras, que foi incorporada ao município em 1855.
Também ali se instalaram, após a República, o quartel general da Brigada Militar, bem como sua tropa.

A partir de 1916, o Quartel das 30 Bananeiras passou a Centro de Instrução Militar, com curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, Curso de Formação de Oficiais e Curso de Sargentos.

O bairro foi criado oficialmente pela Lei municipal 2.022 de 07/12/1959, e possui uma área de 278 ha.
Sua denominação é em homenagem ao Tenente Coronel Aparício Borges, morto na Batalha de Buri/SP, episódio da Revolução Paulista de 1932.
O decreto de fundação do bairro está ligado ao crescimento da Avenida Cel. Aparício Borges, que se originou da Rua Dois Irmãos.
Com a implementação do plano de melhoramentos para as vias do município, na década de 1930, são unidas a Rua Dois Irmãos com o Beco do Lazareto (antigo caminho que ligava Chácara das Bananeiras com a Estrada do Mato Grosso, atual Bento Gonçalves).

Um dos objetivos do plano de melhoramentos, era a implantação de faixas de cimento nas vias de penetração radial, bem como de uma grande perimetral, que uniria os bairros da cidade.
A Cel. Aparício Borges, elevada à categoria de avenida por Lei Municipal em 1958, era a principal via de acesso e ligação entre os bairros Partenon, Glória e Teresópolis; atualmente a avenida integra a III Perimetral.

Mantendo características residenciais e militares, na avenida que dá nome ao
bairro se localiza a Academia de Polícia Militar, o Regimento Bento Gonçalves e outras dependências da Brigada Militar; a Penitenciária Estadual (Presídio Central) e, ainda, a Companhia Riograndense de Artes Gráficas – Corag.
O Bairro Coronel Aparício Borges dispõe de pequeno comércio, escolas e serviços de atendimento de saúde a seus moradores.


53. Cristal

HISTÓRICO - CRISTAL


Aterro sanitário final século XIX

A área que daria origem ao bairro Cristal era ocupada, desde o século XVIII, por algumas chácaras.
O impulso para o desenvolvimento da região, contudo, foi a edificação de uma hospedaria para imigrantes, em 1891, por parte do Governo Estadual.
Até esta data, o Cristal não passava de uma zona rural e sem comunicação com o centro da cidade.

A Hospedaria dos Imigrantes, uma grande casa de formato quadrangular, localizava-se na beira do Guaíba, em uma baixada que atualmente corresponde ao terreno do Jockey Club.

Em 1899, o Batalhão Bento Gonçalves da Brigada Militar transformou parte da hospedaria em alojamento para seus membros, utilizando-se dos campos adjacentes para treinamento hípico.
Assim, o Cristal converteu-se em uma “zona à feição da milícia estadual”, visto que até operações de manobras eram realizadas na região.

A construção, em 1907, de uma Enfermaria da Brigada acabou por reforçar esta condição.

O nome do bairro, segundo a tradição, deriva da estrutura cristalina da terra, composta por quartzos transparentes oriundos das escarpas dos morros que circundam a região.
A incidência dos raios solares fazia com que os fragmentos areníticos brilhassem, ofuscando os olhos dos navegantes que, do meio do rio Guaíba, avistavam o local. Deste modo, “foi tanta gente a afirmar, de longe, que aquilo era cristal, que Cristal ficou sendo o nome da zona”.

A Estrada de Ferro do Riacho, percorrendo um trajeto desde a Ponte de Pedras - no Largo dos Açorianos - até à Tristeza, tinha uma parada no Cristal, na frente do alojamento da Brigada Militar.
Apesar deste caminho ser utilizado desde 1900, a efetiva integração do Cristal com outros bairros deu-se apenas durante a gestão do Intendente (Prefeito) Alberto Bins (1928-1937), cujo plano viário estabeleceu a ligação entre as avenidas Icaraí e Nonoai, através da pista de concreto da Rua Campos Velho.

Em 12 de dezembro de 1959, no mesmo local que servira de quartel para a Brigada Militar e, originalmente, de hospedaria para imigrantes, foi inaugurado o Hipódromo, com uma área de oitenta hectares na qual instalou-se a Sociedade Jockey Club do Rio Grande do Sul.
O trabalho de construção durou quase dez anos e exigiu o aterro do Guaíba, que “compulsoriamente cedeu parte de seu leito”, a fim de materializar-se o “milagre do Cristal, uma obra por todos admirada”.

Com três pavilhões e duas pistas - uma de areia e outra de grama - o novo Prado valorizou o bairro, contribuindo para seu desenvolvimento.


54. Nonoai

O Bairro  Nonoai foi instituído a partir da Lei n° 2022 de 07/12/1959.
Seus limites são: - Morro Santa Tereza, Teresópolis, Cavalhada e Vila Nova.
O Arroio Passo Fundo, que atravessa o bairro, já não se apresenta como era nas origens da região e, apesar de não ter sido canalizado, encontra-se com um alto grau de poluição.

O nome do bairro possui origem indígena: - “Nonoai” foi um cacique Caingangue
que, segundo historiadores, teria vivido por 120 anos.
Morador do estado vizinho de Santa Catarina no início do século XIX, atravessou o Rio Uruguai e se estabeleceu nas proximidades de Passo Fundo (RS), dando nome ao que hoje é a maior reserva indígena do Estado.
A avenida Nonoai é um trecho da antiga avenida Cavalhada, antes um remoto acesso à zona sul de Porto Alegre, fazendo parte do mapa da cidade desde 1888.
Já a Avenida Nonoai data de 1916.
Atualmente, a Avenida Cavalhada atravessa os bairros Teresópolis, Nonoai e Cavalhada.

O bairro possui, vários núcleos habitacionais em seu território como a Chácara
Sperb, Chácara Menezes e a Cidade Jardim. O bairro é constituído basicamente por casas, algumas muito antigas, além de raros edifícios mais altos fazendo parte de sua paisagem.
Na Avenida Nonoai, encontra-se a SPAAN (Sociedade Porto Alegrense de Auxílio aos Necessitados), asilo inaugurado em 1931, que abriga em média 140 pessoas na faixa etária que oscila entre 60 e 100 anos.
Um outro espaço tradicional do bairro é o Nonoai Tênis Clube, com sede no local desde 1938, sendo uma alternativa de esporte e lazer, especialmente no verão por suas piscinas.
De forma geral, o bairro apresenta um aspecto tranqüilo, não muito distante do centro, e consegue não estar totalmente “contaminado” pela agitação e movimentação de outros bairros, concentrando seu comércio em sua avenida principal.

No ano de 2005, o bairro recebeu notoriedade através de um jornal da capital,
em função de uma construção muito antiga que remonta um momento da humanidade que a capital dos gaúchos não viveu.
- Trata-se se um castelo de duas torres, construído na década de 1920, sobre um aterro de nove metros de altura. Localizado na Travessa Fortaleza pertence aos irmãos Ernesto e Luiz Leiner e, desperta muita curiosidade por quem passa na região, constituindo-se em ponto turístico do Bairro Nonoai.


55. Cascata

Devido à criação da Companhia Carris Urbanos, em 1893, aconteceu o re-ordenamento das linhas de transporte na cidade.
Assim, os bondes do Cascata, então tracionados por burros, eram carros que, segundo relato da época, “poderiam andar para frente e para trás, mudando-se apenas os animais de lugar”.
A principal via de acesso ao bairro era a antiga Estrada de Belém, que ligava a
região central de Porto Alegre à povoação de Belém Velho, fundada por volta de 1830.

Depois de ter vários nomes (Estrada da Cascata, Avenida Cascata), finalmente a via foi rebatizada com o nome de Avenida Professor Oscar Pereira, ex-diretor do Sanatório Belém, que tratava tuberculosos.

O povoamento do local se acelerou a partir das décadas de 1950 e 1960, com a
abertura de novos acessos à região (vindos do que hoje são os bairros Vila Nova e Belém Velho), bem como pela instalação de meios de transporte mais eficientes e abrangentes, penetrando pelos morros mais íngremes, atendendo a uma das mais freqüentes reclamações dos moradores do bairro.
A essa altura, a ocupação, antes restrita às cercanias da Avenida Prof. Oscar Pereira, passou também a ocorrer nas encostas dos morros da Polícia e do Cascata, através do loteamento dessas áreas.

O bairro Cascata foi criado pela Lei nº 2681, de 21 de dezembro de 1963, onde boa parte de seu território era conhecida como Glória.
Assim, este bairro recém criado tinha uma estreita relação com os demais que formavam a Grande Glória (Glória, Medianeira e Coronel Aparício Borges).

Ainda que haja atualmente no Morro da Polícia uma atividade turística, com
trilhas que proporcionam aos visitantes imagens panorâmicas de toda a região sul de Porto Alegre e uma visão geral do Guaíba, sua exploração econômica (seja pela instalação de pedreiras, hoje já desativadas, seja pela implantação de antenas de TV) tirou um pouco do aspecto tranqüilo e campestre do bairro.

A origem do nome “Cascata” é baseada, provavelmente, pelo relevo montanhoso da região, fazendo com que os arroios que nascem nos morros tenham várias pequenas cascatas, como o Arroio Águas Mortas, que surge no Morro da Polícia e desce em direção ao sul, para a Avenida Prof. Oscar Pereira.
Posteriormente, este arroio passou por um processo de canalização fechada, salvando-o de problemas de poluição que começavam a se avolumar, devido à progressiva ocupação de suas margens e o depósito de dejetos em seu leito.

O relevo da região garante, também, o posto de um dos bairros mais altos de
Porto Alegre, pela presença dos morros da Polícia (286 metros), do Cascata (267 metros), além de ser circundado pelos morros do Pelado (298 metros) e da Pedra Redonda (279 metros), dessa forma, a hidrografia do bairro é bastante marcante, com 21 arroios que partem do Morro Pelado e correm em direção aos bairros Coronel Aparício Borges e Partenon, assim como outros que vão em direção sul, nascendo no morro da Polícia e indo em direção noroeste, passando por Glória e Medianeira.


56. Vila Assunção

HISTÓRICO - VILA ASSUNÇÃO

Barca do DAER, década de 1950

Considerada a “primeira praia balneária” da cidade, aos idos anos 1940, era muito procurada pelos citadinos como área de veraneio.
Ao mesmo tempo, que era fora do alcance do tumulto do centro urbano, não exigia uma longa viagem, o que permitia se aproveitar, desde um dia de sol e águas, até um belo fim de semana.

Sua via mais importante é a Avenida Pereira Passos; esta radial não passava de um estreito caminho de acesso ao interior da chácara de José Joaquim Assunção. Primeiro proprietário das terras que cedeu seu nome, em princípio, à chácara e, postumamente, ao bairro.

Pedra fundamental do Clube Veleiros do Sul, década de 1950

Esta chácara compreendia quase toda Ponta do Dionísio, sendo de múltiplas funções. Desde o começo, se dedicava à charqueada; depois, José Joaquim Assunção, montou lá uma olaria, inicialmente puxada a burros, mas que mais tarde foi a primeira da cidade a ser movida a vapor; tinha um pouco de plantação e outro tanto de criação; e algumas pedreiras. Destas pedreiras saíram as pedras que constituíram o cais do porto de Porto Alegre.

Construção do 1º pavilhão da Escola Santos Dumont - 1965

A ligação da chácara com a urbe dava-se pelo vapor, que transportava os produtos lá cultivados, para serem vendidos no mercado, próximo ao Mercado Público. Também servia de condução da família e amigos, pois o acesso por terra era mais demorado, feito por carroças, e difícil, pois as estradas que ligavam aquela região às demais, eram precárias e até inacabadas.

Inauguração da Escola Santos Dumont - 1965

Mas as pedreiras foram que fizeram história daquelas terras de lá. Inicialmente, por elas fornecerem as pedras da construção do cais do porto, o município destinou àquelas bandas, um trem, que tinha como objetivo principal “de transportar mercadorias e pedras...”, mas com esconder das vistas dos moradores da capital, aquelas paisagens... “sempre arrastava um vagão para passageiros”.

Marina Clube Veleiros - 1955

De forma não muito feliz, o proprietário tentou instalar em suas terras, uma destilaria de álcool, mas que nunca chegou a finalizar a construção de suas instalações. Isto porque José Joaquim Assunção tinha um desentendimento com as autoridades estaduais que devia-se pelas insistentes investidas dos governantes em suas terras.
O projeto do governo era de transformar a pedreira da Ponta do Dionísio, onde hoje temos o Club Veleiros, em propriedade do Estado e, pior que isso, consideravam o local excelente para ser transformado em asseio público, local de despejos de dejetos.

Marina Clube Veleiros - 2000

Em 1918, o inquieto José Joaquim Assunção, falece, diminuindo um pouco a guarda de suas terras aos tantos que a desejavam.

Mas só em 1937, a viúva, Dona Felisbina, faz um acordo com uma empresa, a Di Primo Beck, que urbanizaria a região, calçando, canalizando a água e puxando a luz, e lhe reservaria uma fatia deste loteamento, para seu uso, além de parte dos lucros.
Nasce a “Vila Assunção” que se transformaria no Bairro Assunção.

Aterro na orla - 1955

Com melhor infra-estrutura, aberturas de vias de acesso e implantação do transporte público, o desenvolvimento do bairro vai de vento em popa.
“Lugar simpático, cheio de vivendas e bangalôs, na sua maioria rodeados de verdejantes jardins e sombrias árvores, é a Vila Assunção um sítio de descanso às portas da capital.”

Ponta do Dionísio

O nome dês suas ruas são referencias aos primeiros moradores dessas terras, da nação  “Tupi – guarani”, além de homenagear ilustres personagens da nossa história.

Hoje ainda ele é um bairro pitoresco, de ares suaves e paisagens bucólicas. Talvez por não ser encostado ao centro comercial de Porto Alegre, desenvolveu sua própria vida, tendo no comércio uma área bastante promissora.


57. Camaquã

O Bairro Camaquã foi oficializado em 07/12/1959 através da Lei nº 2022. Seus
limites por bairro são a Tristeza, Cristal, Cavalhada e Ipanema.
Desde sua inauguração, o bairro conta com uma forte atuação da associação dos moradores. Através desta iniciativa, foi possível a realização de alguns projetos pendentes desde o início do bairro, como por exemplo, maior número de escolas e de espaços de lazer.

De caráter predominantemente residencial, a região apresenta um grande número de casas, além de condomínios horizontais e edifícios de, em média, três pavimentos. Atualmente o bairro já se encontra bem estruturado em termos de comércio e serviços, possuindo escolas públicas e privadas de 1ºe 2º Graus.

O Bairro Camaquã situa-se entre a Avenida Wenceslau Escobar e Avenida
Cavalhada, e existem vários pontos de movimentação mais intensa como a Avenida Cel. Massot, Rua Camaquã, Rua Cel. Claudino e a Avenida Otto Niemeyer, esta última, fundamental para a integração do bairro com seus vizinhos Cavalhada e Tristeza.

Com ruas muito calmas em seu interior, o bairro caracteriza-se por não ser muito distante do Centro da capital, sendo uma boa opção para aqueles que desejam ficar longe da agitação, mas não completamente isolados dos espaços mais urbanizados de Porto Alegre.


58. Cavalhada

O Bairro Cavalhada, segundo o Censo do IBGE de 2000, continha 19.854 moradores, em uma área de 357 hectares.
Apresenta-se no sentido norte-sul, percorrendo uma longa faixa desde o Cristal até Vila Nova e Ipanema.

A origem do nome do bairro é bastante remota e remete ao século XVIII, quando o sesmeiro André Bernardes Rangel teve expropriadas suas terras para a constituição de um campo para a guarda da cavalhada pertencente à Fazenda Real, a serviço de Porto Alegre.
Por ter atuado por 20 anos com esses propósitos, o local ficou conhecido como “Cavalhada D’el Rey” ou Campo da Cavalhada.
Com a devolução do rincão ao mesmo sesmeiro, a Fazenda Real se transferiu para Viamão.
Entretanto, houve denúncias de que André Bernardes Rangel teria conseguido a devolução de uma terra pela qual já havia obtido indenização, mas aquelas terras não voltaram à posse governamental.

Assim como a maioria dos bairros da Zona Sul, a Cavalhada sofria com a dificuldade de comunicação com o centro de Porto Alegre.
Os moradores precisavam se deslocar a pé ou por carroças até o Bairro de Teresópolis para conseguir embarcar no bonde que partia da região em direção ao Centro.
A única via de acesso então era a Estrada da Cavalhada, que abrangia todas as atuais Avenidas Carlos Barbosa, Teresópolis, Nonoai e Cavalhada, ligando o Bairro da Azenha ao Ipanema, então uma região praticamente rural.

A partir da década de 1950, com o asfaltamento da Estrada da Cavalhada, se tornaram populares no bairro as corridas de “baratinha” (apelido dado aos carros de corrida de Fórmula 1, pelo seu formato), que percorriam a Rua Otto Niemayer até a Tristeza, passavam pela Pedra Redonda e Ipanema e retornavam pela Estrada da Cavalhada, nas chamadas “12 horas de Porto Alegre”.

Com o crescimento urbano, cada trecho da Estrada da Cavalhada foi separado com uma designação própria, e a Avenida Cavalhada passou a ser assim denominada por Lei de 1957.
As facilidades de acesso ao bairro, proporcionaram sobremaneira o desenvolvimento da região, que cresceu vertiginosamente a partir de então.

No entanto, com o crescimento do Cavalhada, problemas típicos foram se acumulando, principalmente a partir da década de 1970: - o Arroio Cavalhada, um dos mais longos de Porto Alegre (nasce próximo ao Sanatório Belém, em Belém Velho, até desembocar no Rio Guaíba) se tornou extremamente poluído e sujeito a inundações e desmoronamentos em suas margens.
Apesar das inúmeras reclamações dos moradores, em alguns pontos do arroio a canalização acabou ficando por responsabilidade dos próprios habitantes, enquanto que em outros a Prefeitura canalizou definitivamente o córrego.
Atualmente, o arroio segue com graves problemas de poluição.

A presença de instituições de auxílio a populações carentes é marcante, como o Instituto Santa Luzia, entidade de apoio e educação para deficientes visuais, bem como o Cidade de Deus, ligado ao Departamento do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, que desde 1960 auxilia a população do bairro na tentativa de melhoras das condições de vida.
Fazem parte do bairro grandes loteamentos como Parque Madepinho e Jardim das Palmeiras.

A duplicação das Avenidas Cavalhada e Eduardo Prado, estimulou a construção de condomínios fechados durante a década de 1990, diferenciando uma parte do bairro da antiga conformação, na qual se destacavam prédios de menor porte.
Com isso, o comércio, que já se localizava nas principais avenidas do bairro, apresentou um novo crescimento, tornando o Bairro Cavalhada praticamente auto-suficiente nesse sentido.


59. Vila Nova

Inicialmente denominada Vila Nova d’Itália, a partir de 1894, o espaço recebeu seus primeiros moradores. Tratava-se de famílias trentinas, mantovanesas, cremonesas e de outras regiões da Itália, que adquiriram glebas de terra e as transformaram em chácaras, com plantações de videiras, árvores frutíferas – pessegueiros, pereiras e ameixeiras – e verduras.
A uva ali produzida, além de ser utilizada para a fabricação do vinho, era também comercializada nos mercados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Enfrentando as dificuldades de ocupação de um terreno com mata virgem, o paulatino esforço da comunidade propiciou a criação de diversas instituições: - uma escola em 1897 que, mais tarde, seria a Escola Estadual Alberto Torres; a construção, em 1906 da capela que originaria a Paróquia São José de Vila Nova; em 1911, a fundação de uma Cooperativa Agrícola e uma Caixa de Crédito Rural, que vieram transformar a região e expandir os negócios dos pequenos agricultores da Vila.

Por sua considerável produção agrícola, em 1898 tem início a construção de um moinho para a produção de farinha de milho, por iniciativa de um dos primeiros moradores da região Vicente Monteggia.
Para tanto, o Arroio Cavalhada, que perpassava o Bairro, foi represado para a canalização da água, que seria a força necessária para o funcionamento de uma turbina hidráulica. A farinha produzida era destinada, principalmente, para o preparo da polenta, prato típico italiano.

Em 1912, inicia-se o tráfego ferroviário na Estrada de Belém Velho, que passava pela Vila Nova.
Em 1926, foi inaugurado pelo então prefeito Otávio Rocha o ramal que se prolongava da Tristeza à Vila Nova, servindo para o transporte dos produtos coloniais ali produzidos para o mercado central da Capital.

Inauguração do ramal - 1926

Ruínas do alicerce da ponte de pedra na Vila Nova

Nesses tempos, os moradores de Vila Nova possuíam uma convivência muito fraterna, o que demonstrava a organização de atividades junto às canchas de bochas, de partidas de três-sete, escova, solo e mora nas mesas dos armazéns da Vila, bem como a organização da primeira “Festa da Uva” do Rio Grande do Sul, realizada em Teresópolis e que, mais tarde, cedeu lugar à Festa do Pêssego da Vila Nova.

Em consonância ao crescimento do urbano em Porto Alegre, a Vila Nova foi recebendo famílias de outras origens, tais quais japoneses, alemães, poloneses e de outras regiões do país.
Assim, algumas chácaras foram loteadas, ruas foram abertas, a estrada de ferro e a cooperativa foram extintas e deram lugar a novas residências, lojas, armazéns, supermercados, serralherias, farmácias e o Hospital Vila Nova.

Atualmente, o bairro caracteriza-se como residencial que, ainda assim, conserva características de colônia italiana, como as chácaras ainda existentes e as tradicionais festas realizadas na Igreja.


60. Belem Velho

Trata-se de um dos mais antigos núcleos habitacionais de Porto Alegre, e a  denominação “Belém Velho” remete-se ao culto de Nossa Senhora de Belém, propagado na região por uma de suas primeiras moradoras, Sra. Francisca Maria de Jesus.

No ano de 1830 foi construída uma capela, em homenagem a Nossa Senhora de Belém.
Com a construção da Igreja, as terras em torno da igreja foram submetidas a uma nova apropriação; idealizada por funcionários eclesiásticos que redistribuíram os lotes, visando o desenvolvimento da região.
Posteriormente, a capela passou pela condição de curato, alçando Belém à freguesia.

Na virada do século, Belém Velho passou a ser destinado tanto ao veraneio de famílias que ali possuíam propriedades, bem como local onde eram desenvolvidas atividades agropecuárias. Desta maneira, inexistiu, na época, uma preocupação por parte do poder público em facilitar as vias de acesso ao bairro, que se tornava cada vez mais distante do centro da Capital.

Mas, o trem já passou pelo bairro: - em 1926, a linha férrea entre o Mercado
Público e a Tristeza foi prolongada até a Vila Nova, passando então a ser utilizada para o transporte de mercadorias produzidas naquele recanto rural de Porto Alegre.
Porém, ela teve curta existência: - por ser considerada economicamente deficitária, foi desativada em 1932.

A partir da década de 1930, três instituições se instalaram no bairro, ligadas à saúde pública e assistência social – Sanatório Belém, Amparo Santa Cruz e Instituto São Benedito. Estas instituições viriam a influenciar em grande escala a história do bairro, levando muitas pessoas a saírem de Belém Velho, por considerá-lo um bairro insalubre.

O bairro abriga, desde o século XIX, o Cemitério de Belém Velho, que foi encampado em 1992 pela Prefeitura. Possui uma área de 2 ha.
Outros pontos que identificam a história de Belém Velho são a Capela, o antigo casario em frente à praça, a fazenda que pertenceu ao general Flores da Cunha e a fazenda que pertence à Família Chaves Barcelos.
A capela e praça foram tombadas em 1992 pela Secretaria Municipal da Cultura.

Apesar da antigüidade do Bairro, a demarcação de seus limites oficiais foi
estabelecida em 1980, pela Lei nº 4876, fazendo com que grande parte originalmente de Belém, passasse a fazer parte do Bairro Vila Nova.

Contudo, em meio a uma crescente população, o Bairro Belém Velho continua sendo um dos bairros de Porto Alegre com menor densidade demográfica e tendo como uma de suas principais características, ainda hoje, o uso produtivo da terra.


61. Lomba do Pinheiro

Localizada na região leste de Porto Alegre, fazendo divisa com Viamão, a
Lomba do Pinheiro é heterogênea em sua ocupação: - nela convivem núcleos densamente povoados e áreas verdes, de preservação ecológica.

1954

Inicialmente, a região estava dividida em grandes extensões de terras pertencentes a famílias de origem portuguesa que cultivavam a terra e criavam animais.

Um deles, morador dos mais antigos da região, o comerciante João de Oliveira Remião, é nome da principal rua do bairro.
Até meados de 1940, a Lomba do Pinheiro manteve características rurais, e seus moradores comercializavam seus produtos hortifrutigranjeiros no Centro de Porto Alegre.
Também existiam na região os “tambos de leite” que abasteciam o bairro e as regiões mais próximas.

Os moradores da Lomba do Pinheiro são na maioria oriundos do interior do estado.
A partir da década de 1960 e 1970, passa a receber pessoas de outros bairros da cidade.
A região entra no processo de urbanização, quando ruas são asfaltadas, a rede escolar é ampliada e novos projetos de infra-estrutura são executados.

Em 1962, o projeto de lei do vereador Landel de Moura, dá nome ao bairro Lomba do Pinheiro.
Oficialmente o bairro foi criado pela Lei nº 2002 de 07/12/1959, porém seus limites foram alterados pela Lei nº 7954 de 08/01/1997 que anexa ao município de Porto Alegre as Vilas que pertenciam a Viamão (São Pedro, Santa Helena, Panorama, Santa Filomena e Bom Sucesso).
Atualmente a Lomba do Pinheiro é formada por mais de trinta vilas.

Uma das características da Lomba do Pinheiro é a organização comunitária e a busca de seus moradores por melhores condições de vida no bairro.
A necessidade de regularização de terrenos e a busca por melhor infra-estrutura foram as principais influências para a organização das associações de moradores.
A primeira delas, fundada em 1956 na Vila São Francisco, conforme alguns moradores, foi a precursora da categoria no Rio Grande do Sul.

O bairro destaca-se por sua diversidade cultural, sendo que as associações comunitárias constituem um espaço político de construção da cidadania, com projetos e atividades que buscam a inclusão social de seus moradores, sobretudo crianças e adolescentes.


62. Tristeza

HISTÓRICO - TRISTEZA

Até o final do século XIX, a região que daria origem ao Bairro Tristeza era basicamente rural e despovoada.
Abrangia, no entanto, uma área maior do que a ocupada pelo bairro atualmente, pois incluía a Vila Conceição e a Vila Assunção.
José da Silva Guimarães, o mais antigo habitante da região, era proprietário de um sítio localizado na atual Vila Conceição. Adotando o apelido de “Tristeza”, posteriormente incorporado ao seu nome, José da Silva Guimarães acabou por nomear o bairro.
A controvérsia em torno do apelido é grande. Diferentes versões procuram esclarecer a causa da tristeza que acometia o morador: - a morte dos filhos; a saudade da filha, que se casara precocemente; ou, simplesmente, uma questão de temperamento.
Seja qual for o motivo, o fato é que o termo “Tristeza”, aplicado ao bairro, acabou consagrando-se.

Em 1900, a inauguração da Estrada de Ferro do Riacho - que fazia um trajeto desde a Ponte de Pedras, no Largo dos Açorianos, até a Tristeza (junto a atual praça central da Tristeza) - intensificou o desenvolvimento do bairro.
O “trenzinho”, como era conhecido, consistia em uma locomotiva pequena que puxava dois ou três vagões. Trafegava três vezes por dia, no verão, e duas vezes, no inverno.

Historiadores e cronistas são unânimes ao afirmar que foi em função da linha férrea que a Tristeza progrediu, convertendo-se em zona de veraneio, com um aumento progressivo de habitações construídas.

Em 1910, uma nota no Jornal do Comércio sobre o desenvolvimento do bairro faz referência às “confortáveis e excelentes residências de verão”, quase todas “em forma de chalé”, e de frente para o Guaíba.

Outro fator importante para o crescimento do bairro foi a instalação da rede elétrica, em 1923. Acontecimento que oportunizou a realização de uma singular festa do “enterro do lampião”, patrocinada pelo famoso Dr. Mário Totta, então presidente do Jocotó, o famoso clube no qual se realizavam os bailes de carnaval da zona sul.

Era, assim, a Tristeza, na definição de Ary Veiga Sanhudo, “um bairro alegre por todas as tradições e estranhamente triste pelo nome”.

63. Vila Conceição

Trem Riacho/Pedra Redonda - década de 1930

Pedra Redonda - década de 1960

64. Ipanema

Praia Ipanema - 1952

65. Aberta Morros

66. Restinga

Vista

67. não cadastrado

68. Espírito Santo

69. Guarujá

70. Hípica

71. Chapéu do Sol

72. Serraria

73. Ponta Grossa


74. Belém Novo


FUNDAÇÃO DE BELÉM NOVO

Em 12 de outubro de 1867, mediante Lei Provincial nº 616, definiu-se a mudança da sede da Freguesia de Belém Velho, para a margem direita do Rio Guaíba, no lugar chamado Morrinho, onde foi o Hotel Cassino e após a sede da Associação do Supermercado Real de Joaquim Oliveira.

A planta da nova povoação foi feita pelo engenheiro de obras públicas, Dr. Antônio Mascarenhas Teles de Freitas.
Tal projeto foi aprovado pelo Presidente da Província e pela Câmara Municipal, após leis posteriores que ampliaram e reforçaram as quantias em contos de réis para a desapropriação das terras necessárias à transferência da freguesia.

Em 1868, o Sr. Inácio Antônio da Silva adquire a propriedade no local denominado Morrinho (atual Veludo), em que ainda existe a casa, sede da fazenda, de propriedade do falecido “Aranha”.

Conforme a escolha feita, a praça da nova igreja e povoação deveria ficar no lugar em que então havia a olaria, da qual não existem mais vestígios e hoje se encontra a Sociedade Polônia e dali para o Sul, abrangendo diversas colônias de férias e praias particulares atuais.

Em 28 de outubro de 1875, como o local escolhido ficaria nas proximidades da casa, o então proprietário, Inácio Antônio da Silva e sua esposa Ana Correa da Silva, propuseram a doação das terras em local afastado da sede da fazenda, mediante o seguinte compromisso:
“Nós, abaixo assinados, nos comprometemos, com a Câmara Municipal, a fazer doação gratuita e pelos meios legais, do terreno necessário para a construção da igreja e respectiva praça para o Império e cemitério da nova sede da Freguesia de Belém, contanto que esta se estabeleça em terras situadas ao norte da casa que nós ocupamos como justos senhores e possuidores que dela somos, devendo-se para este fim abandonar uma planta que o Governo da Província fez levantar em um dos anos anteriores, e que dava à sede da freguesia uma situação diferente da que acima aludimos.”

No mesmo dia, foi escrito um manifesto ao Presidente da Província, assinado por 153 moradores, os quais eram os que ali, mais influência tinham por seus haveres, por sua probidade e zelo pela prosperidade do distrito, sendo que, entre eles, cidadãos que exerciam cargos de eleição popular, e de nomeação por poder público.
O manifesto tratava de repúdio à oferta feita pelo proprietário das terras, visto que a localização dos terrenos não reunia condições adequadas para o desenvolvimento de uma comunidade, porque tratava-se de terras muito baixas e próximas ao rio. Alegavam os manifestantes que, na proposição inicial, teriam condições até mais saudáveis de sobrevivência, visto à altitude do local.

Enviados os manifestos à Câmara Municipal, a mesma repassou a decisão ao Presidente da Província.

Em 18 de março de 1876, mandou fazer um levantamento de ambos os lugares, aceitou a oferta de Inácio Antônio da Silva e as ponderações dos moradores das margens do Guaíba.

Em 1º de julho de 1876, efetuou-se a escritura pública de doação gratuita dos terrenos, no cartório do tabelião Bento José de Faria, como segue:
“Quatrocentos metros em quadro de terreno de sua propriedade, sito no lugar denominado Arado Velho, na margem do rio Guaíba, com frente ao rio, para fundação e estabelecimento da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, sendo duzentos metros em quadro para uma praça, 25m de frente e 50m de fundo para a Igreja Matriz, que será colocada no fundo da praça e com frente ao rio, contando-se 100m da porta principal dela para cada um dos dois lados da praça, 15m para edificação do império ao lado da igreja com os mesmos fundos, 15m para edificação da casa para moradia do pároco do outro lado da igreja e com os mesmos fundos dela, e 15m em seguida a esta para a escola pública e com os mesmos fundos da igreja, e finalmente, 150m em quadrado para a construção de um cemitério público, na segunda colina ao norte do local destinado para a praça da igreja, tudo segundo planta existente e declaração pelos doadores, assinada em 28 de outubro do ano passado, cujos terrenos avaliam todos na quantia de três contos de réis, e que pela presente escritura e muito ao seu contento fazem doação gratuita de todos aqueles terrenos à Província para mudança e estabelecimento da Freguesia de Nossa Senhora de Belém”.

Assim, no mesmo ano, na presença do Presidente da Província e autoridades, foi lançada a primeira pedra para a construção da Igreja Matriz, ficando a sede da povoação entre as terras de Antônio Inácio da Silva e o “Morro do Malandro” (atual Veludo).
Após ato oficial eclesiástico (na época do Império era fundamental), entraram em vigor todas as deliberações.

IGREJA DE BELÉM NOVO

Na fundação de uma nova povoação, sempre ocupava lugar de destaque a igreja, que se tornava o centro da vida social e religiosa.
Foi o que aconteceu em Belém Novo.

Em 1º de agosto de 1876, um mês depois da escrituração dos terrenos, o Presidente da Província nomeou a comissão construtora da Igreja de Belém Novo e remeteu o seguinte ofício de nº 3094 a Inácio Antônio da Silva:
“Tendo Vossa Mercê doado no lugar Arado Velho, o terreno necessário para a fundação da Igreja da Freguesia de Belém, nomeio agora uma comissão para encarregar-se de lançar os fundamentos da mesma igreja por donativos particulares, que essa comissão obtiver, prosseguindo nos trabalhos de edificação dessa mesma igreja, conforme os meios que puder alcançar, até que a Província puder auxiliar essa obra com qualquer quantia, que para esse fim a assembléia provincial houver de decretar. A sobredita comissão se comporá de Vossa Mercê como doador dos terrenos e iniciador da obra, do Revdo. Vigário da Freguesia Barnabé Corrêa da Câmara e dos cidadãos Manuel Antônio Fagundes, João Batista de Magalhães e Luiz Belmiro da Silva Rosa. Envio a planta da povoação futura, bem como a da Matriz, a fim de que a comissão por ela se reja na fundação da igreja. Quando houver materiais suficientes, poderá começar a obra, precedendo as necessárias autorizações eclesiásticas e demais ordens administrativas. Espera finalmente essa presidência, que a comissão nomeada aceitará a incumbência, e que desempenhará com o reconhecido zelo religioso e patriotismo de seus membros.”

BENÇÃO DA PEDRA FUNDAMENTAL

Em 20 de agosto de 1876, o vigário de Belém Velho, Barnabé Correa da Câmara, pediu licença ao governador do bispado, para ministrar a benção solene da pedra fundamental da igreja de Belém Velho.

Em 21 de agosto de 1876, o engenheiro Manuel Correa da Silva Neto, da Repartição de Obras Públicas Provinciais, endereçou o ofício ao presidente da Província:
“Tenho a honra de participar a V. Exa. que já se acha demarcado o lugar para a capela da nova freguesia de Belém, em cumprimento da ordem de V. Exa. que, em virtude de circunstâncias locais e de acordo com o proprietário do terreno, modificou-se a posição da capela por corresponder a ponto indicado na planta para a sua construção, a um ponto encharcado do terreno. Mandei organizar uma nova planta contendo a referida modificação, a qual será submetida à aprovação de V. Exa.”

Em 04 de setembro de 1876, recebeu o seguinte ofício de nº 360 do bispado:
“Em vista do que V. Revma. expediu em data de 20 do mês findo, o autorizo o fazer a bênção solene da pedra fundamental para a edificação da nova Igreja Matriz dessa freguesia, no lugar denominado Arado Velho, em terrenos para esse fim doados pelo respectivo proprietário Inácio Antônio da Silva, procedendo neste ato na conformidade do que dispõe o ritual romano. Em faculdade V. Revma. poderá transmitir a qualquer outro sacerdote aprovado na diocese”.

Em 25 de setembro de 1876, a bênção foi dada com toda a solenidade pelo Arcedíago Vicente Zeferino Dias Lopes, com a presença das mais altas autoridades da Província. Na pedra fundamental foi colocada a seguinte ata:
“Aos vinte e cinco dias do mês de setembro do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e seis, no lugar denominado Arado Velho desta Paróquia de Nossa Senhora de Belém, da Província e Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul, no império do Brasil, tem do por Chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, o Santíssimo Padre PIO IX, imperando S. M. o Sr. Dom Pedro II, estando no governo da diocese o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, e no da Província o Exmo. Sr. Conselheiro Tristão de Alencar Araripe, achando-se presentes os Exmos. Srs.: Conselheiro Presidente da Província o Exmo. Sr. Barão do Caí e o camarista Joaquim Antônio de Oliveira Maia, representando a Câmara Municipal da Capital; o Exmo. Sr. General das Armas Barão de Jaguarão; o Exmo. Sr. Barão de São Borja; O Brigadeiro Ricardo José Gomes Jardim; o Exmo. Sr. Desembargador Luiz José de Sampaio; o Chefe da Sessão Naval; etc. Saíram em procissão da casa do Sr. Inácio Antônio da Silva (doador dos terrenos para a fundação da igreja, do império e mais terrenos para cemitério, casa de residência do pároco, escola, bem como iniciador da obra da igreja). A comissão dessa obra conduziu uma charola com a pedra e o seu respectivo tampo, para ser lançada no alicerce principal da referida igreja, e dentro dela ser depositado o presente auto. Tendo chegado a procissão ao referido local foi mandado pela comissão que se lavrasse esse auto que assinam as autoridades presentes, srs. de elevada graduação, os membros da comissão e muitos senhores que compunham o préstito. Em seguida foi este auto lido em voz alta pelo secretário da comissão, Luiz Belmiro da Silva Rosa, e encerrado em uma urna de zinco com moedas de zinco, prata e papel cunhadas nesse império e a urna foi metida em uma cava feita na pedra fundamental, a qual, sendo coberta por outra de igual tamanho, foi fechada e logo depois celebrou a bênção o Revmo. Sr. Arcedíago Vicente Severino Dias Lopes, legitimamente autorizado. E para em qualquer tempo constar lavrei o presente auto, deixando uma cópia para ser registrada no livro do tombo da paróquia”.
(Transcrito do artigo de Padre Rubem Neis, Correio do Povo -1972)

Em 1879, julgados insuficientes os terrenos da doação de Inácio Antônio da Silva, foram feitas subscrições em dinheiro para a compra de mais terras nas proximidades da igreja do Belém Novo, que foram aforados, mas que no decorrer do tempo, até a época atual, já causaram muitos desentendimentos.
(Correio do Povo de 11/02/1973).

BAIRRO BELÉM NOVO

Em 28 de março de 1868, pelo decreto nº 4129 foram demarcados os limites do Distrito de Belém Novo, cujo traçado permanece até hoje, retangular, implantado a partir da borda do Rio Guaíba, tendo como elementos centrais a praça e a igreja.
O bairro já teve seus dias de ouro, como os mais antigos bem sabem.

Nos anos 1940/50 o bairro era a principal opção para o veraneio porto alegrense.
Os meses de janeiro e fevereiro era uma festa só, com bandas de música, carrossel, tiro ao alvo, pescaria de prêmios, dedicatórias pelo alto-falante, nos intervalos entre as músicas “Lencinho Branco”, com Dalva de Oliveira, “Jardineira” e outras.
As moças da época ficavam aguardando alguma dedicatória musical, andando pela calçada da igreja.

Havia dois cinemas, o Cine Belgrano, na Heitor Vieira, e o Cine Arte, na Praça Inácio A. da Silva. As casas de espetáculo apresentaram peças teatrais e a Hora do Pato, um concurso de calouros que acontecia sempre aos domingos após a missa da 10 horas.

Durante a 2ª Guerra Mundial o transporte para o centro era feito por um único ônibus a gasogênio, devido ao racionamento de combustível.

Havia o Grêmio Esportivo Belém Novo, com seu campo na Jorge Mello Guimarães e a sede social na Heitor Vieira, onde aconteciam os bailes à noite. Agremiação que conquistou importantes títulos e disputou vários campeonatos.

Em 1954, surgiu o Grupo Artístico Belenense, que por muito tempo difundiu a cultura teatral em nossa comunidade.

Houve o Grupo de Patinação, que começou no pavilhão da igreja e depois se transferiu para o Barracão do Arado Velho, onde hoje está o CTG Lanceiros da Zona Sul. (Jornal o Belendrino – dez/1995). 


75. Lageado

76. não cadastrado

77. Lami


78. Bom Fim

Colégio Militar - 1900

As origens do Bairro Bom Fim remetem ao antigo Campo da Várzea, uma área pública de 69 hectares que servia de acampamento para os carreteiros e na qual permanecia o gado destinado ao abastecimento da cidade.

O Campo da Várzea converteu-se em Campo do Bom Fim devido à construção da Capela do Senhor do Bom Fim, iniciada em 1867 e concluída em 1872.
Assim, o nome do pequeno templo - por extensão - acabou denominando todo o local.
A Avenida Osvaldo Aranha, espécie de marca registrada do bairro, era chamada, até 1930, de Avenida Bom Fim.

Até o final do século XIX, não houve grandes alterações no local. Poucas casas velhas e algumas chácaras espalhavam-se na região. Todo o resto, segundo cronistas como Ary Veiga Sanhudo, “era bom mato, com excelente caça, onde inúmeras vezes encontravam seguro abrigo os escravos fugidos”.
Após a Abolição muitos libertos, sem ter para onde ir, instalaram-se na região, que passou a chamar-se - extra-oficialmente - de “Campo da Redenção”.

Vista - década de 1970

Por volta do final da década de 1920, os primeiros membros da comunidade judaica começaram a se instalar ao longo da Avenida Bom Fim. Algumas residências, pequenas lojas e oficinas deram início ao processo de povoamento efetivo do bairro.
A diversificação desse pequeno comércio acompanhou o crescimento natural da cidade, vindo o Bom Fim a constituir-se como bairro residencial e comercial, destacando-se as sofisticadas lojas de móveis e o tradicional Brique da José Bonifácio e o Parque Farroupilha.

Vista - década de 1970

A esse bairro “real”, caracterizado ainda pela boêmia e pela intelectualidade, Moacyr Scliar contrapõe, com saudade, o bairro “mítico”.
O Bom Fim dos emigrantes judeus, de sua infância.

Apesar da atual diversidade de moradores, o Bom Fim permanece como símbolo da colonização judaica em Porto Alegre.
por Luciano Ávila

79. Cristo Redentor

80. Jardim Lindóia

81. São Sebastião


82. Santana

HISTÓRICO - SANTANA

No século passado, onde hoje temos o Bairro Santana, havia um arraial chamado São Miguel. Não passava de um banhado, cortado múltiplas vezes pelo tortuoso Arroio Sabão.
Local ermo, de poucos freqüentadores e de moradores com fama nada amigável, o bairro não passava de umas poucas casas distribuídas pela sua rua principal, a Santana, mas que na época a denominação devia-se a seus moradores, chamava-se Rua dos Pretos Forros (escravos alforriados).

Após a Guerra dos Farrapos, mais para a metade do século passado, a população começou a se interessar pela região, com intenções de habitá-la.
Sua proximidade à Várzea (atual Parque Farroupilha), onde se localizava o Prado da época, era o atrativo que despertou o local para a cidade.

Em 1865, o Visconde da Boa Vista, governador da província, vê necessária a abertura de nova via pública por aquelas proximidades, cortando a Rua dos Pretos Forros e se estendendo até o Riacho; a nova via, carregou consigo o nome de seu criador, Rua Boa Vista.

Lentamente se desenvolvendo, estas terras ganhariam, ao final do século XIX, o Prado da Boa Vista, sito à Rua Boa Vista.
Era de tamanho suntuoso, tanto que, após sua mudança para os Navegantes, parte de seu território se transformou no campo de futebol do Sport Club Americano, que foi campeão da cidade em 1924,28 e 29.

A este tempo, a Rua dos Pretos Forros, que já havia mudado seu nome para Rua 28 de Setembro, em lembrança à Lei do Ventre Livre, desta data, passara a denominar-se Rua Santana, remontando a origem da cidade, em homenagem a um de seus primeiros nomes o de Sesmaria do Morro Santa Ana.
Recebia também nova nomenclatura a Rua Boa Vista, então Vicente da Fontoura.
Era o Santana que se consolidava e começava a tomar a forma de que hoje tem.

Logo após estas mudanças, a Rua Santana é ampliada, se alastrando para além do Riacho, através de uma ponte sobre ele construída. E é esta obra que possibilita “a introdução da linha de bondes da Cia. Carris Urbanos, para o Partenon, através do Bom Fim e da Rua Santana.”

Reafirmando o espírito de comunidade da zona, em 1931 é erguida a paróquia de São Francisco de Assis, padroeiro do bairro e responsável por muitos eventos que lá ocorreram desde então.

Não podemos esquecer dos muito alegres carnavais de rua que o bairro desfilou, durante as polêmicas décadas de 1960 e 1970, invadindo um pouco os anos 1980.
É um bairro de história, que se organizou, cresceu e desenvolveu.
Hoje lá se misturam casas, edifícios e comércio com bastante harmonia, num ponto central.


Outros Bairros

Bairro Medianeira

Foi criado pela Lei nº 1762 de 23 de julho de 1957, com limites alterados pela Lei 4626 de 21 de dezembro de 1979.
Foi o primeiro bairro criado por lei.

O bairro abriga o Estádio Olímpico Monumental, do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, que fica nos limites com o bairro vizinho da Azenha.
Entretanto, como o acesso se dá por este último e para confundir, por uma avenida homônima ao bairro, muitas pessoas acreditam que o referido estádio fica no bairro Azenha, o que é uma inverdade.

Dados demográficos
População/2000: 12428 moradores
Homens: 5620
Mulheres: 6808
Área: 140 ha
Densidade: 89 hab/ha
Taxa de crescimento 91/2000: (-)0,9% aa
Número de domicílios: 4096
Rendimento médio mensal dos responsáveis pelo domicílio/2000: 10,10 salários mínimos

Limites atuais
Rua José de Alencar da rótula desta quando converge com a Av. Érico Veríssimo até a Av. Dr. Carlos Barbosa; Rua Goiás e no prolongamento desta, por uma linha imaginária, seca e reta até a Avenida Prof. Oscar Pereira; desta até a Rua Caldre e Fião; desta até a Rua Marieta; e por esta até a Rua Águas Mortas; desta até a Rua Martim Minaberry; por esta até a Rua D. João VI; desta até a Rua Prof. Oscar Pereira; desta a té a Rua Nunes; desta até a Travessa Irmãos Calvet e desta até a Rua Silva Paes; por esta até encontrar a Rua General Gomes Carneiro; desta até a Rua Catumbí; desta até a Rua Prof. Clemente Pinto; por esta, pela qual se limita com o Bairro Santa Tereza, até a Av. Tronco; desta até a Rua Mariano de Matos; desta pela qual se limita com o bairro Santa Tereza, até a Rua José de Alencar e daí até a rótula com a Av. Érico Veríssimo.


Referências:

FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. 2º edição. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1992. p. 281-283.
SANHUDO, Ary Veiga. Porto Alegre Crônicas da minha cidade. v. 1. 2º edição. Porto Alegre; Ed. Escola Superior de Teologia, Instituto Estadual do Livro, Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, 1979. p. 244-246.
MACEDO, Francisco Riopardense. Porto Alegre, história e vida da cidade. Porto Alegre: Ed. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1973. p. 193-196.
www.portoalegre.rs.gov.br
http://www.al.rs.gov.br/plen/SessoesPlenarias/49/1998/980916.htm
Proposições para a Área Central de Porto Alegre. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. 1971
"Expediente Urbano de Porto Alegre", engenheiro e urbanista Edvaldo Pereira Paiva. 1942
Centro de Pesquisa Histórica - Coordenação de Memória Cultural da Secretaria Municipal de Cultura

Colégio Maria Imaculada
http://www.geocities.com/potreiro/cezimbra.html
http://www.cejxxiii.com.br/
http://www.fanaticosporfutebol.com.br/campeonato/noticia.asp?cod1_cod=37338http://www.al.rs.gov.br/plen/SessoesPlenarias/49/1998/980916.htm

Colégio Maria Imaculada
http://www.geocities.com/potreiro/cezimbra.html
http://www.cejxxiii.com.br/
http://www.fanaticosporfutebol.com.br/campeonato/noticia.asp?cod1_cod=37338


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