Bem Vindo

- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida da Cidade de Porto Alegre inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado. A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

Dividir estas informações e aceitar as críticas é uma dádiva para o pesquisador.

- Este Blog esta sempre em crescimento entre o Jornalismo, Causos e a História.

Haverá provavelmente falhas e omissões, naturais num trabalho tão restrito.

- Qualquer texto, informação, imagem colocada indevidamente (sem o devido crédito), dúvida ou inconsistência na informação, por favor, comunique, e, aproveito para pedir desculpas pela omissão ou inconvenientes.

(Consulte a relação bibliográfica e iconográfica)

- Quer saber mais sobre determinado tema, consulte a lista de assuntos desmembrados, no arquivo do Blog, alguma coisa você vai achar.

A Fala, a Escrita, os Sinais, o Livro, o Blog é uma troca, Contribua com idéias.

- Em História, não podemos gerar Dogmas que gerem Heresias e Blasfêmias e nos façam Intransigentes.

- Acompanhe neste relato, que se diz singelo; a História e as Transformações de Porto Alegre.

Poderá demorar um pouquinho para baixar, mas vale à pena. - Bom Passeio.

Me escreva:

jpmcomenta@gmail.com






sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sociedades Esportivas e Recreativas de Porto Alegre - Em Montagem


associativismo
A Origem  

- O associativismo nasceu da necessidade de os homens somarem seus esforços para alcançar um objetivo comum.

No princípio este objetivo era a sobrevivência da espécie humana. Posteriormente, transformou-se na necessidade de enfrentar as mudanças impostas pelo sistema econômico mundial.

Formas primitivas de cooperação

- Nas sociedades primitivas, nossos ancestrais se utilizavam da caça para conseguir sua alimentação e, devido aos poucos recursos, organizavam-se em grupos que, posteriormente, originaram as famílias. Portanto, a cooperação não é ato irracional, produzido por instinto. Ela é uma resposta criativa do homem frente aos desafios da natureza.

Ao longo de toda história humana registram-se experiências e tentativas de organizar o trabalho em comum.

Antiguidade

Na antiguidade, o sistema de produção baseava-se na escravidão, não existindo, portanto, o contrato livre entre as pessoas. A associação de trabalho não podia passar de uma atividade obrigatória, imposta pelos senhores aos escravos.

Entretanto, encontram-se, já nesse período, formas de associações econômicas com estrutura semelhante às das instituições cooperativistas modernas.

Na Palestina, entre os anos 356 – 425 d. C; registra-se a existência de associações mútuas, cooperativas, entre caravanas de mercadores, para a criação do gado.

Na Grécia e Roma antigas, os mais pobres agrupavam-se para terem condições de enterrar seus familiares. Mais tarde, começaram a se organizar em associações profissionais e econômicas. Delas, participavam cidadãos livres, escravos e estrangeiros, que aspiravam melhores condições de vida.

Durante o Feudalismo, apesar do regime de servidão dominante, a organização do trabalho se desenvolvia sob formas bastante igualitárias e cooperativas. A comuna, unidade econômica da Idade Média era explorada pelos seus habitantes de forma cooperativa (campos, bosques e pastagens). Os mosteiros religiosos tinham a produção organizada de forma cooperativa, onde a produção e o consumo processavam-se em comum. Numa sociedade não industrializada, os artesãos se agrupavam em associações que, aos poucos, foram evoluindo para organizações econômicas e políticas.

A Cooperação na história do Brasil

- O processo de colonização do Brasil teve a participação ativa do índio e do negro africano. Ambos tinham sua organização social baseada na tribo (nações) e praticavam o comunitarismo agrário, onde havia o respeito mútuo, o sentido de justiça e a liberdade era atitude que fortalecia a participação de todos no processo de constituição da tribo.

A violência do colonizador obrigou-os ao trabalho escravo, base da economia do Brasil Colônia. No caso dos negros, foram capturados ou comprados na África e transportados em navios negreiros para o Brasil.

Foram muitas as reações dos índios e negros a este tipo de dominação e em decorrência surgiram diferentes formas de cooperação organizada, descritas a seguir.

Os índios se organizam em comunidades.

Século XIX

Definições e Origens em Porto Alegre

- As primeiras sociedades e associações esportivas representando espaços de sociabilidades e lazer em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, surgiram na segunda metade do século XIX.

A associação é um grupo de pessoas que tem um propósito ou interesse comum, como por exemplo, uma sociedade ou um clube. O associativismo esportivo representa uma organização voluntária como qualquer organização pública, formalmente constituída, cuja filiação é opcional, com o propósito de vivenciar as práticas desportivas e atividades físicas no âmbito da saúde e do lazer.

A origem das associações e a institucionalização de diversas práticas esportivas em Porto Alegre estão relacionadas às profundas transformações sociais e econômicas ocorridas devido ao processo migratório, a desagregação do escravismo e crescimento demográfico no século XIX.

Em 1824, com a chegada dos imigrantes alemães em Porto Alegre, se vincula a necessidade do associativismo esportivo.

Após segunda metade do século XIX, período inicial da colonização alemã, são fundadas as primeiras associações esportivas em Porto Alegre.

Os imigrantes alemães legaram inúmeras associações, sociedades e clubes que demonstraram uma vida associativa intensa e variada destinada ao lazer, à arte, ao canto, ao teatro e outras atividades (Rambo, 1993; 1998; Gertz, 1991; Muller, 1984; 1988).

Germanismo

- As associações voluntárias teuto-brasileiras de caráter esportivo tinham a tarefa de:
         - Zelar pelos valores e ideais;
         - Preservando os valores culturais de tradição germânica através da promoção das  mais diversas atividades esportivas. 

Essas associações foram tipificadas do seguinte modo: - religiosas, recreativas, culturais, trabalhistas, beneficentes e esportivas.

Preservação da Cultura

- A fundação das associações esportivas está relacionada ao forte caráter associativo dos alemães e sua rápida ascensão econômica. Outro fator que concorreu para a propagação do associativismo esportivo foi o acompanhamento dos acontecimentos e mudanças na Europa, através da comunicação permanente com a Alemanha. A comunidade alemã era proveniente de imigração direta da Europa e procurava se manter atualizada com a cultura alemã.

Os imigrantes alemães inicialmente mantiveram-se enquanto uma comunidade relativamente fechada em suas “diversas instituições de lazer e ensino próprias, bem como, comunidades religiosas (uma protestante e outra católica), todas com um forte caráter étnico, que constituíam meios de reconstruir permanentemente as suas fronteiras étnicas” (Gans, 1996, 162).

As sociedades de ginástica e demais associações esportivas constituíram-se em espaços de afirmação da identidade cultural dos alemães. A presença alemã se fez notar na ginástica – primeira prática desportiva desenvolvida pelas sociedades –, como também na introdução da prática de outros esportes nas associações.

Contribuição Imigrante

Além dos Alemães, outras comunidades de imigrantes organizaram, posteriormente, suas associações esportivas.
Destaca-se a influência de:
- Portugueses na criação das associações de turfe;
- Italianos na prática organizada do ciclismo e remo.

Em síntese, as associações esportivas de Porto Alegre foram responsáveis pela emergência e desenvolvimento do esporte amador e profissional. As associações, na sua maioria sem qualquer auxílio do poder público, expandiram-se através de cotização dos gastos entre os sócios, recursos privados e empréstimos junto aos bancos. Algumas sedes foram construídas em terrenos doados pelos associados.

A construção dos estádios, ginásios, piscinas, pistas de atletismo e outras locais, em geral constituíram investimentos vultosos das associações.

Século XX

Crescimento das Associações Desportivas

Até o final da década de 1930, constatou-se a existência de 295 associações desportivas em Porto Alegre.

O cenário desportivo da cidade era expressivo como ilustram as informações relacionadas a seguir:
a) as associações filiadas a Ligas, Federações e outras entidades totalizavam 48 em 1937, ampliando-se para 127 em 1939;
b) as associações não filiadas a Ligas, Federações e outras entidades totalizavam 108 em 1937, ampliando-se para 168 em 1939;
c) em 1939 totalizava-se 172 associações com até 5 anos Clubes esportivos e recreativos em Porto Alegre-RS de fundação, 47 associações que tinham entre 5 e 10 anos de fundação, 25 associações entre 10 a 20 anos de fundação,31 associações de 20 a 30 anos de fundação e 20 associações com mais de 30 anos de fundação;
d) o número de sócios do sexo masculino era de 38.047, em 1939, e as associadas do sexo feminino totalizavam 998;
e) em 1939 foram realizados 7.268 torneios, jogos e paradas atléticas;
f) o público espectador destas atividades totalizou 23.421, sendo 22.233 do sexo masculino e 1.188 do sexo feminino (Pimentel, 1945, p. 182).

Nacionalização

Década de 1940, marca um período particular para as associações esportivas identificadas com os grupos de imigrantes alemães e italianos. A política de nacionalização implantada pelo Estado Novo (1937-1945) repercutiu no controle normativo das associações esportivas.

Em Porto Alegre, as associações foram forçadas a mudar seu nome de origem alemã e/ou italiano para uma denominação em língua portuguesa. Além disso, os estatutos deveriam ser redigidos em português e as associações necessitavam de alvarás para o seu funcionamento.

Em decorrência do ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o controle sobre as associações esportivas tornou-se mais rigoroso, pois se desconfiava da presença de associados simpatizantes com o regime nazista. Neste contexto, a cidade de Porto Alegre tornou-se palco de ações hostis à comunidade teuto-brasileira.

Algumas associações esportivas foram invadidas e a documentação queimada ou atirada no Rio Guaíba. Em decorrência desses acontecimentos, as associações esportivas sofreram um forte abalo na sua identidade cultural. Houve um deslocamento das suas fronteiras culturais tendo em vista a formação da identidade nacional brasileira.

O processo de nacionalização implicou na fusão de clubes, na incorporação de práticas esportivas e na reorientação das diretrizes normativas e estatutárias. A adoção destas medidas representou estratégias para a sobrevivência de tais associações.

Cronologia das Modalidades

- Para apoiá-las, havia tradições de clubes e de modalidades esportivas cuja memória é sumarizada a seguir:

Ginástica

Em 1867, cria-se em Porto Alegre a primeira sociedade de ginástica denominada “Deutscher Turnverein”. Os fundadores da sociedade de ginástica (atual) SOGIPA foram C. Pohlmann e Alfred Schütt, imigrantes alemães, que chegaram em Porto Alegre por volta de 1865.

- O primeiro prédio da sociedade foi construído com a ajuda financeira das três grandes cervejarias de Porto Alegre, Bopp, Becker e Sassen, e Ritter e pela cotização entre os 25 primeiros sócios (Hofmeister Filho, 1987, p. 12).

Inicio da prática do Tiro

Em 1870, Alfred Schütt criou o departamento de tiro ao alvo da sociedade de ginástica (Daudt, 1942, p. 5). A sociedade foi denominada de Deuscher Turnerbund-Schützenverein (Sociedade de Ginástica e Tiro Alemã).

- A atual SOGIPA foi a segunda sociedade a instituir a prática do tiro no Brasil.

Nota:
- A mais antiga Sociedade de Tiro do Brasil, a “Schützenverein Blumenau”, foi fundada na cidade de Blumenau (Estado de Santa Catarina), em 2/12/1859.
Atualmente é denominada “Tabajara Tênis Clube” (Ferreira, 1986, p. 75).

Entre 1887 – 1892, Os ginastas resolveram separar-se dos atiradores da Turnerbund-Schützenverein em 1887 e criaram o TurnKlub (Clube de Ginástica) (Daudt, 1942, p. 7).

Em 1892, houve a fusão da “Deuscher Turnerbund-Schützenverein” e do “TurnKlub”, sendo a sociedade denominada de “Turnerbund” (Hofmeister, 1987; Tesche, 1996; Silva, 1997).

Em 1895, organiza-se a Deutscher Turnerschaft von Rio Grande do Sul (Federação Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul).

- No princípio, a federação visava a manutenção da memória alemã, através do cultivo da prática da ginástica e o fortalecimento da unidade das sociedades alemãs.
Tinha à frente o imigrante alemão, Jacob Aloys Friederichs, ginasta e tesoureiro do Turnerbund (atual SOGIPA).

- Jacob Aloys Friederichs é considerado o “Pai da Ginástica” (Turnvater) do Rio Grande do Sul devido a sua contribuição na difusão da ginástica de Jahn no Estado (Tesche, 1996).

- A prática da ginástica era fomentada pela presença de instrutores de ginástica provenientes da Alemanha, através da “Verein für das Deutschtum im Ausland - VDA” (Sociedade para o Germanismo no Estrangeiro) e do “Turnlehrer aus Deutschland - DT” (Professores de Turnen da Alemanha) (Wieser, 1990, p. 284-85).
Gans (1996, p. 43 e p. 189) relacionou esses profissionais:
Henrique Englert, em 1876, técnico de ginástica;
Aloys Friederichs, 1884-1889, instrutor de ginástica (“Pai da Ginástica” no Rio Grande do Sul);
E. Gottfrieden, 1867, instrutor de ginástica;
E. Martens, 1867-1869, assistente do instrutor de ginástica;
A. Weiss, 1867, assistente do instrutor de ginástica da Turnverein (atual SOGIPA).

Outros alemães envolvidos com a prática desportiva foram:
timoneiro Heinrich Braue, 1883-1889;
professor e administrador de piscina Joh Poist, 1876-1889;
Heinrich Rosenhaim, 1861 a 1889, “dono do salão” que sediou a reunião dos primeiros membros do Turnverein.

Inicio da prática do Bolão

Em 1896, a sociedade de ginástica Turnerbund inicia a prática do bolão. O bolão era um jogo similar ao boliche (Kreling, 1984) procurado pelos homens para descanso e lazer após o trabalho.

Em 18 de abril de 1896, foi realizada a primeira competição entre as sociedades de ginástica do Rio Grande do Sul, no campo de tiro da Sociedade de “Atiradores Alemães”, no atual Parque Moinhos de Vento. A competição valorizava o desempenho físico e a disciplina dos ginastas.
O ginasta H. Lüderitz recebeu um diploma de disciplina e bom comportamento, e o ginasta Carlos Brenner foi contemplado com o diploma de boa posição e boa marcha (Daudt, 1942).

- A premiação destes ginastas demonstra a preocupação das sociedades em valorizar o caráter, a moral, e a educação. Os ginastas eram identificados pela disciplina, robustez, fibra, energia, educação e cultura para a formação de homens dignos para as lutas da vida.
As sociedades do RS presentes na competição foram:
Leopoldenser Turnverein ou Sociedade Ginástica Leopoldense (01/09/1885 ou 27/08/1885);
Turner São João do Montenegro (06/03/1887);
Sociedade Ginástica de Lomba Grande (1890);
Sociedade Ginástica de Taquara (1890);
Sociedade Ginástica de Campo Bom (1890);
Sociedade de Ginástica de Santa Cruz do Sul (15/09/1893);
Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo (11/07/1894);
Sociedade Ginástica de Candelária (1895);
Sociedade Ginástica Hamburgo Velho (22/06/1896);
Lajeadenser Turverein Jahn ou Sociedade Ginástica de Lajeado (1896).

Em 07 de setembro de 1899, foi realizada a primeira competição de ginástica para crianças no campo da Sociedade de Ciclismo Blitz. A sociedade de ginástica, diferentemente de outras sociedades esportivas procurou atender todas as faixas etárias criando departamento de ginástica não apenas para as crianças, como também para mulheres e veteranos.

Em 1902, as competições de ginástica transformam-se na principal “festa interna” das sociedades de ginástica. Os denominados Festivais de Ginástica eram promovidos pela “Liga de Ginástica” e restritos as sociedades alemãs. A SOGIPA, nos primeiros anos somente aceitava alemães; e, depois permitiu o ingresso de associados brasileiros educados na Alemanha.

- As competições anuais reuniam um número expressivo de representantes das sociedades nas provas de ginástica e de outros desportos. As competições das sociedades de ginástica eram “verdadeiras festas olímpicas” contando com a participação de aproximadamente mil jovens de todo o Rio Grande do Sul e sendo prestigiada pelo público de aproximadamente 10.000 pessoas (Daudt, 1942).

As sociedades então existentes eram:
Turverein São Sebastião do Cahy ou Sociedade Ginástica de São Sebastião do Cai (15/06/1898) ou (1897, conforme Daudt, 1942, p. 44);
Grupo de Ginástica “Gut Heil” (23/10/1898) depois Sociedade de Ginástica Ijuí (15/11/1914);
Sociedade de Ginástica de Pelotas (1899);
Sociedade Ginástica de Sapiranga (1900);
Sociedade Ginástica de Rio Grande (1900).

Mulheres começam a participar

Entre 1904 – 1907, as mulheres da sociedade de ginástica Turnerbund, criam em 1904 o grupo feminino de ginástica. O grupo funcionava de forma autônoma, com diretoria própria e reunia 37 mulheres (casadas e solteiras).

- A primeira presidente foi a professora Elli Kaufmann da escola Hilfsverein (atual Colégio Farroupilha).

Em 1905, a sociedade de ginástica encampou o grupo feminino de ginástica, que passou a ser coordenado pelo professor de “educação física das moças”.

Em 1907, as mulheres casadas começaram a participar das sessões de ginástica da sociedade (Daudt, 1942, p. 13). A participação das mulheres nas atividades físicas e sociais era um traço distintivo da sociedade de ginástica. A oferta de atividades físicas para as mulheres visava a sua preparação para o trabalho.

Em 1908, a Federação Alemã de Ginástica do Rio Grande do Sul é subdividida em quatro regiões devido a sua grande área de abrangência e Porto Alegre torna-se sede da primeira região.

- Os festivais regionais de ginástica (Gauturnfeste) foram incrementados significando um momento de integração entre as sociedades de ginástica do Estado. As confraternizações constituíam-se em espaços de afirmação da identidade teuto-brasileira:

“Comemorações em honra de Jahn, com várias competições atléticas, jogos olímpicos, demonstrações nos vários aparelhos, exercícios físicos, etc.” (Daudt, 1942, p. 15).

- As sociedades de ginástica criadas no período foram:
Turverein Jahn (05/04/1903) fundiu-se em 1918 com o Sängerverein de Santa Maria; Sociedade Ginástica de Vera Cruz (1905);
Turverein Navegantes, em Porto Alegre (1906);
Turverein Estrela ou Sociedade de Ginástica Estrela (30/05/1907);
Sängerverein “Frohsin” (05/01/1908) fundiu-se com o Schützenverein resultando na Sociedade Ginástica de Cachoeira do Sul, atual Sociedade Rio Branco;
Turverein Teutônia (1909);
Sociedade Ginástica de Três Coroas (1910);
Sociedade Ginástica de Estância Velha (1910);
Grupo de Ginástica “Gut Heil” ou Sociedade Ginástica Panambi (01/03/1913).

Em 1913, realiza-se uma corrida que partia de Santa Cruz do Sul (cidade de colonização alemã) com chegada em Porto Alegre.

Em 1915, a partir de maio os festivais de ginástica passam a ser divulgados, mensalmente, para os sócios e população em geral, através do jornal “Deutsche Turnblätter” editado pela Sociedade Turnerbund (atual SOGIPA) (Tesche, 1996, p. 75).

Em 1916, em plena Primeira Guerra Mundial realiza-se uma competição internacional em homenagem a Jahn, em Porto Alegre.

- As sociedades de ginástica caracterizavam-se pela valorização das raízes germânicas, culto da saúde corporal e educação moral da juventude (Luz, 2000).

Em 1917, o governo brasileiro passa a exercer forte pressão para a nacionalização das sociedades e associações esportivas fundadas pelos imigrantes alemães e italianos.

Entre 1917 – 1920, a Turnerbund suspende várias atividades neste período de repressão. O número de sócios manteve-se quase o mesmo refletindo a situação conflituosa.

Em 1919, foram computados 800 associados no Turnerbund. Houve uma interrupção na fundação de novas sociedades de ginástica no Rio Grande do Sul.

Associações criadas:
Turverein Cruz Alta (04/11/1925);
Sociedade Ginástica de Santo Ângelo (1925);
Sociedade Ginástica de Buricá (1925);
Sociedade Ginástica de Três de Maio (1925);
Sociedade Ginástica de Erechim (1925);
Turverein Navegantes São João (06/06/1927);
Turverein General Osório de Ibirubá (10/07/1927);
Sociedade Cantora e Ginástica de Augusto Pestana (18/05/1933) (Tesche, 1996, p. 74; Ramos da Luz, 2001, p. 10).

Mulheres no Atletismo

Em 1924, realizam-se as comemorações do Centenário da Imigração Alemã em Porto Alegre. As mulheres pela primeira vez participaram das competições de atletismo.

Em 1924, ainda é realizada a corrida de revezamento que percorria o trajeto entre cidades de colonização alemã (Ijuí a São Leopoldo).

- Possivelmente, esta modalidade de corrida de revezamento foi a primeira realizada no Brasil (Daudt, 1942, p. 44).

- O esporte transformado em fenômeno de massa expande-se para além de espaços concebidos inicialmente para sua prática. Os desportos de deslocamento aparecem como formas de “percorrer a nação”, de forma física, integrando-se ao coletivo. As corridas e marchas a pé são um meio dos teuto-brasileiros conhecerem e apreenderem o território, o espaço da pátria. Os teuto-brasileiros percorrem cidades onde vivem seus patrícios (Santa Cruz do Sul, Ijuí, São Leopoldo e Porto Alegre) comungando além de território geográfico as fronteiras territoriais culturais.

A partir de 1925, inicia a retomada de novas associações esportivas.

Em 1927, a futura SOGIPA colabora na fundação da sociedade de ginástica denominada Turnerbund Navegantes São João, em Porto Alegre. A criação de uma segunda sociedade de ginástica na cidade demonstrou o domínio dos teuto-brasileiros no campo desportivo, apesar dos abalos sofridos após a Primeira Guerra Mundial.

Em 1933, realiza-se o 17° Festa Regional de Ginástica (Turnfest), em São Leopoldo, com o apoio da SOGIPA, representando a afirmação da identidade cultural dos teuto-brasileiros.
No convite constava o objetivo do festival:
“Encontrar-nos-emos como pessoas de sangue alemão, como ginastas alemães, fazendo nossa profissão de fé no povo de Jahn e à ginástica de Jahn”. (Convite e programa da 17° festa regional de ginástica em São Leopoldo em 28 e 29 de outubro de 1933, segundo Ramos da Luz, 2000, p. 1).

Em 1935, promove-se um grande Festival Regional de Ginástica em comemoração ao 40º aniversário da Liga de Ginástica (1895-1935). As comemorações, que também celebravam o Centenário da Revolução Farroupilha, foram prestigiadas pelo governador do Estado, General Flores da Cunha, pelo intendente (prefeito) de Porto Alegre, Major Alberto Bins e pela população em geral (Hofmeister, 1987, p. 90).

- O destaque da SOGIPA nas diversas competições desportivas locais e estaduais era reconhecido, sendo considerada um “viveiro de campeões e campeãs riograndenses” (Roche, 1969, p. 645). A SOGIPA tinha os seguintes departamentos desportivos: - ginástica, atletismo, bola ao cesto (basquete), bola sobre a rede (voleibol), bola de punho (punhobol), esgrima, tênis, bolão e xadrez.

Já no final da década de 1930, a SOGIPA tinha ampliado seu número de associados para 1.360 sócios.

Década de 1940, em conseqüência da campanha de nacionalização promovida pelo Estado Novo (1937-1945) e dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1942), a sociedade de ginástica Turnenbund sofreu um forte impacto, sendo obrigada a mudar o nome denominando-se Sociedade de Ginástica Porto Alegre – 1867 (SOGIPA).

Nota:
- A sociedade teve sua sede invadida pela polícia e muitos dos associados tiveram suas casas vasculhadas.

Escoteirismo

Em 1913, foi criado o grupo de escoteiros da sociedade de ginástica, pelo professor Georg Black Sen.

- Os escoteiros realizaram uma marcha a pé partindo de Porto Alegre até Blumenau (cidade de colonização alemã no Estado de Santa Catarina) (Daudt, 1942, p. 30). Entre as competições promovidas pelas sociedades estavam as corridas de revezamento de longa distância denominadas “corridas de estafeta”.

Tiro

Em 1885, funda-se em Porto Alegre, o Von Musterreiter Club Porto Alegre (Clube dos Cavaleiros de Amostras). A associação “nasceu para congregar os viajantes comerciais que percorriam as precárias estradas gaúchas, de ponta a ponta, vendendo mercadorias e, de quebra, cumprindo um papel importante como elo de ligação cultural, social e política entre a capital e as regiões por eles atendidas” (Lentz, 2001, p. 46).

- As Sociedades de Atiradores (Schützenhalte) promoviam os Torneios de Tiro chamado “Festa dos Atiradores” (Schützenfest), que reunia os moradores da picada, vila ou cidade, na sociedade durante todo o dia, com danças e muita animação (Muller, 1994).

- Os imigrantes alemães praticavam o Tiro ao Rei;
- Os italianos realizavam o tiro nos clubes de caça e pesca (Alencastro e Renaux, 1997).

- As sociedades de tiro e de ginástica estavam ligadas à emergência da nacionalidade e a representação da identidade de grupo.

No final do século XIX, foi criado o Deutscher Schristzen Verein (Club dos Atiradores Allemães), conhecido por Tiro Alemão e o Tiro Nacional Porto Alegrense.

No início do século XX, o “tiro ao alvo” (denominação antiga do esporte), enquanto esporte competitivo foi difundido no país através de estandes montados pelo exército em diversas cidades para treinamento militar, denominadas linhas de tiro.

Em 20 de fevereiro de 1907, é fundado o Esporte Clube Navegantes, que visava a prática dos tradicionais esportes da comunidade alemã: - tiro ao alvo, o bilhar, snnoker, bolão e ping pong.

Em 1910, a linha de tiro “Tiro 4” representa Porto Alegre no primeiro campeonato brasileiro de tiro ao alvo.

Em 1916, o Tiro 4 recebeu a visita de Olavo Bilac, “o nosso grande poeta e propugnador da instrução militar e cívica da mocidade brasileira” (Pimentel, 1945, p. 152).

Em 1917, as sociedades de tiro são incorporadas pelo exército brasileiro adotando a denominação de Tiros de Guerra (Decreto Legislativo nº 3.361 de 26/10/1917).

- O Tiro Nacional Porto Alegrense passou a denominar-se Tiro de Guerra nº 4.

Medalha Olímpica

Em 1920, os portoalegrenses Sebastião Wolf e Dario Barbosa, membros do Tiro de Guerra nº 4 conquistaram a medalha de bronze na prova de tiro com pistola em equipes nos VII Jogos Olímpicos da Antuérpia (Bélgica) realizados no período de 07 de julho a 12 de setembro (Revista Panathlon Internacional, 2000, p. 2).

- A equipe de competição de tiro ao alvo foi dirigida por Arnaldo Guinle, Ariovisto de Almeida Rego e Vitor Nidosi Chermont.
Os atletas eram:
Afrânio Antônio da Costa (chefe da equipe e competidor da categoria pistola; campeão brasileiro);
tenente Guilherme Paraense (categoria revólver; campeão brasileiro na modalidade de Tiro com revólver em 1918);
Sebastião Wolf (categoria fuzil);
Fernando Soledade (categoria pistola);
tenente Mario Machado Maurity (categoria pistola);
tenente Dermeval Peixoto (categoria pistola);
Mario Dario Barbosa (categoria revólver)” (Ribeiro Jr., 1994, p. 23).

Nota:
- Em 1992, a Empresa de Correios e Telegráfos – ECT lançou selos em homenagem aos campeões das olimpíadas de 1920.

Em 1939, cria-se a Federação Gaúcha de Caça e Tiro, mas o desenvolvimento da modalidade não correspondeu ao crescimento institucional, pois nos anos seguintes a prática do tiro ao alvo não teve a mesma expressão que nas décadas anteriores.

- A transformação das sociedades de tiro em tiros de guerra foi um dos motivos que levou ao enfraquecimento do esporte.

Turfe

Segunda metade do século XIX, A diversão predileta dos portoalegrenses eram as corridas de cavalo conhecidas por “carreiras em cancha reta”.

- As carreiras de cavalos, realizadas freqüentemente no Morro de Teresópolis, representavam um momento de reunião social e festiva, no qual as mulheres organizavam piqueniques. As carreiras envolviam apostas em dinheiro e visavam indiretamente melhorar a raça dos animais pelos criadores de cavalos.

- A tradição da elite rural portuguesa na criação de cavalos foi um dos fatores que favoreceu a fundação dos primeiros hipódromos (prados) em Porto Alegre. Quando surgiram os hipódromos, as corridas de carreiras começaram a perder espaço (Franco, 1988).

Em 1872, inaugura-se o primeiro Prado denominado Derby Club, na Várzea, atual Parque Farroupilha (Lemos, 1919)

Em 1877, funda-se o Prado Bôa Vista, também conhecido por Hipódromo Portoalegrense, na Estrada Mato Grosso (atual Avenida Bento Gonçalves no Bairro Santana). Este empreendimento fechou três anos depois, em 1880.

Em 1881, constrói-se o Hipódromo Rio-Grandense sob direção do engenheiro francês Eugenie Plazollesício. A edificação do hipódromo coincidiu com o ciclo de prosperidade do arraial Menino Deus (atual Bairro Menino Deus).

A partir de 1874, o arraial (bairro) do Menino Deus, que já tinha a avenida da Azenha, passou a contar com novos serviços de bondes de tração animal e iluminação pública a gás. A circulação dos bondes e o Hipódromo Rio-Grandense foram responsáveis pelo desenvolvimento do Menino Deus, que inicialmente era povoado apenas por chácaras.

Em 1909, o Hipódromo Rio-Grandense fechou, quando Porto Alegre já acumulava um número expressivo de associações de remo.

Em 1891, surgiu o hipódromo ou Prado Navegantes, em razão da expansão do sistema de bondes ao Bairro Navegantes.

Em 1894, um ano depois da implantação da primeira linha de bondes no Bairro Independência foi construído o Hipódromo Independência – também conhecido como Hipódromo Moinhos de Vento, no final da linha do bonde (atual Rua 24 de Outubro).

- O hipódromo e a expansão do serviço de bondes na Avenida Independência repercutiu no calçamento e intensificação da construção civil.

- A Rua Independência tornou-se um ponto elegante da cidade, com forte concentração de moradores abastados.

Década de 1890, auge do turfe portoalegrense, considerado um dos principais espetáculos esportivos até o inicio do novo século.

- As disputas no turfe reuniam a elite portoalegrense e visitantes ilustres como Carlos Barbosa, Assis Brasil, José Montaury, Flores da Cunha, Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas e João Goulart (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940; Franco, 2000).

Surge o Football

Início do século XX, os espaços do turfe cedem seu lugar aos primeiros clubes de futebol em Porto Alegre. O enfraquecimento do turfe está relacionado à transição para um novo modelo de sociedade. O turfe era uma prática restrita as elites rurais frequentadoras dos hipódromos, que retratavam uma sociedade colonial e arcaica.

- O turfe passou a ser associado ao atraso de Porto Alegre, que desejava tornar-se uma cidade moderna, tendo como referência a capital do Brasil – Rio de Janeiro na época – e cidades européias. O futebol estava associado à modernidade. As associações de remo também disputam um espaço significativo com o turfe no âmbito das representações sociais.

Em 1959, o Hipódromo Moinhos de Vento transfere-se para o Bairro Cristal, adotando o nome de “Jockey Club do Rio Grande do Sul”. A construção do novo hipódromo, popularmente chamado de “Hipódromo do Cristal”, devido a sua localização no Bairro Cristal, teve o apoio da Associação Protetora do Turf.

- O “Jockey Club” praticamente eliminou as carreiras em cancha reta, mesmo porque, estas não poderiam acolher um grande público.

Remo 

Década de 1860, há registros de prática do remo em Porto Alegre anterior ao ano de 1860, entretanto nessa época era realizado sem fins competitivos entre grupos de amigos.

Regata Imperial

Em 1865, foi realizada a primeira regata considerada oficial na história do esporte gaúcho, na cidade de Rio Grande, sul do Estado, em homenagem ao Imperador D. Pedro II, que estava de passagem pelo Rio Grande do Sul, durante a Guerra do Paraguai.  

- A “Regata Imperial” disputada entre remadores de Rio Grande e Porto Alegre premiou os vencedores da “guarnição dos hamburgueses” daquela cidade com medalhas de ouro entregues pelo Imperador (Álbum de Porto Alegre, 1940, p. 643).

Em 1888, é fundada a primeira associação de remo em Porto Alegre, o Ruder Club Porto Alegre (Clube de Regatas Porto Alegre), pelos imigrantes alemães (Hofmeister, 1981, p. 47).

- Em reunião realizada no tradicional Restaurante Continental de Porto Alegre foi criado o clube de remo, pelo major Alberto Bins, Alfredo Schuett (fundador da SOGIPA), F. Igwersen, Julio Issler Jor, John Day, Luiz Koehler, H. Schwerin.

Nota:
- Alberto Bins nasceu em Porto Alegre, em 1869. Filho de imigrante alemão, comerciante de destaque na cidade (Franco, 1992, p. 74), foi presidente da Associação Comercial de Porto Alegre, fundador do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul e proprietário da Metalúrgica Berta (Bakos, 1986, p. 73-74). Foi também fundador da VARIG, intendente/prefeito de Porto Alegre de 1928 a 1936, faleceu em 1957 (Possamai, 1998, p. 74- 6; entrevista realizada em 1952 pelo desportista José Carlos Daudt, segundo Hofmeister, 1981, p. 48).

- O início da prática do remo foi promovido pelos fundadores que importaram dois barcos da Alemanha (Hofmeister, 1981, p. 47).

- A sede do clube pioneiro localizava-se à margem do Rio Guaíba, próximo à Praça da Alfândega. O “Ruder Club” é considerado o primeiro clube formal (sede e estatutos) de remo do Brasil (Hofmeister, 198).

Em 1892, é criado o Ruder-Verein Germania por jovens de descendência alemã, que importaram os barcos da Alemanha.

Em 17 de fevereiro de 1894, instala-se o “Comitê de Regatas”, com a finalidade de impulsionar o desenvolvimento do remo através das competições abertas ao público em geral.

Em 03 de junho de 1894, o Comitê promoveu a primeira regata em Porto Alegre, com a participação do “Ruder Club Porto Alegre” (Clube de Remo Porto Alegre) e do “Ruder-Verein Germania” (Clube de Remo Germânia).

- A regata foi “uma grande novidade para o povo pôrto-alegrense. A saída teve início na extinta estação de bondes em Navegantes e a chegada no trapiche do Germania na distância de 1800 metros” (Pimentel, 1945, p. 157).

- O “Comitê de Regatas” é a mais antiga entidade estadual de remo no Brasil (CRD, 1999; Melo, 1999).

Luso-brasileiros no Remo

Em 18 de janeiro de 1903, um grupo de luso-brasileiros que tinham dificuldade em assimilar as instruções e comandos no idioma alemão criou seu clube de remo em Porto Alegre.

- O Clube de Regatas Almirante Tamandaré fundado pelo capitão de corveta Gaspar Pinto Fróis de Azevedo é considerado o primeiro centro náutico que nacionalizou o remo no Brasil. O clube também reunia teuto-brasileiros que não concordavam com o uso do idioma alemão nos treinos.

Em 1905, remadores do Ruder-Verein Germânia desentendem-se com o instrutor de remo, que somente se comunicava em alemão e se desvinculam do clube. Os dissidentes criaram o Clube de Regatas Almirante Barroso, que adotou o português como língua oficial.

- O clube, diferentemente do “Ruder Verein Germânia” aceitava o ingresso de teuto-brasileiros (Àlbum Pôrto Alegre, 1940, p. 643).

- O “Barroso” foi o clube de remo gaúcho que mais obteve vitórias e títulos nacionais e sul-americanos, o que lhe rendeu o apelido de “O Glorioso”.

Em 1906, um grupo de colegiais teuto-brasileiros, que estudavam no “Hilfsverein Schule” (atual Colégio Farroupilha) organizou seu clube de remo com a ajuda financeira dos pais. A associação foi batizada de “Ruder Verein Freundschaft” (Sociedade de Regatas Amizade), voltada para a prática do remo e a promoção de atividades sociais, como reuniões dançantes nas casas dos familiares.

Em 07 de setembro de 1908, o Comitê de Regatas transformou-se na Federação Rio Grandense de Remo. A criação da Federação era uma demonstração da forte organização dos desportos aquáticos, especialmente, o remo em relação às outras modalidades desportivas.

Italianos no Remo

Em 1908, a elite italiana organiza seu próprio clube de remo, o “Canottieri Duca degli Abruzzi”, também chamado de Club Italiano Duca degli Abruzzi (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940, p. 644).

- A associação visava “criar, manter e promover entre os sócios os exercícios higiênicos do remo e da natação” (Arquivo público estadual – 3ª vara cível e comércio – processo nº 3692).

- Posteriormente, o clube organizou equipes de natação, voleibol, basquete e ciclismo. O agrupamento da comunidade italiana em torno de uma associação voltada para os desportos náuticos trouxe implicitamente o significado de se fazer representar diante da sociedade porto-alegrense.

Em 30 de novembro de 1911, a Federação é extinta e substituída pela Liga Náutica Rio-Grandense, atualmente denominada Federação de Remo do Rio Grande do Sul.

Em 1914, o Clube de Regatas Almirante Tamandaré organiza a primeira competição porto-alegrense de “pólo aquático”, que foi disputada pelas duas equipes do clube no Rio Guaiba.

Em 1917, é inaugurado o “Clube de Regatas Vasco da Gama” por “116 elementos representativos da colônia portuguesa”.

- A associação conhecida como “Clube da Cruz de Malta” tinha como desporto principal o remo, mas também promovia bolão, natação, pólo aquático, ciclismo.

- A associação, que inicialmente reunia a comunidade luso-brasileira estava com aproximadamente três mil associados em 1940.

Em 1940, são implantadas as primeiras medidas de abrasileiramento das associações que tinham nome em alemão. O “Ruder-Verein Germania” foi pressionado a mudar o nome para o português denominando-se “Clube de Regatas Guahyba” e o “Ruder Verein Freundschaft” mudou o nome para “Grêmio Náutico União”.

Década de 1940, o remo destacava-se entre os desportos mais prestigiados em Porto Alegre “emparelhando, em importância e interesse público, com os demais esportes, bastando citar-se o interesse com que o mundo esportivo acompanhou, através do noticiário da imprensa e do rádio, o desenrolar da regata interestadual efetuada em Florianópolis” (Amaro Júnior, 1944, p. 101).

- A Liga Náutica Rio-Grandense tinha mais de 5.000 remadores, sócios dos clubes federados a mesma Liga, em 1940 (Pimentel, 1945, p. 159).

- As regatas promovidas em Porto Alegre se diferenciavam de outros Estados brasileiros pela qualidade dos barcos importados da Alemanha (Hofmeister, 1981, p. 48).

Em 1941, as associações de remo porto-alegrense sofrem sua primeira crise, em decorrência da grande enchente ocorrida em Porto Alegre. As associações de remo estavam localizadas no litoral ao longo do antigo caminho do Meio (atual Rua Voluntários da Pátria), em Porto Alegre.

Em 1948, com o início da construção do “Cais de Saneamento”, ao longo do Bairro Navegantes, as associações de remo deveriam ser deslocadas para outro local.

- Foi projetado o Parque Náutico (atual Cais dos Navegantes), onde cada um dos seis clubes receberia um terreno (50m largura x 80m de frente até a rampa), enquanto prosseguiam as obras da construção do “Cais de Saneamento Marcílio Dias” (GNU, 1981, p. 11).

- A proposta do governo foi considerada desvantajosa pelas associações devido a dificuldade de acesso e pela morosidade na viabilização do projeto oficial. Neste ínterim, os clubes de regatas Almirante Barroso e Grêmio Náutico União adquiriram seus terrenos na Ilha do Pavão e retomaram o desenvolvimento do remo.

Década de 1960, a tardia transferência dos clubes de remo para o Parque Náutico, um local de difícil acesso, causou o progressivo afastamento dos associados e o enfraquecimento financeiro da maioria dos clubes de remo (Coetergers, 1998).

Natação

Em 1885, com início neste ano, a natação passa a ser promovida pela Sociedade de Ginástica Turnerbund em uma piscina denominada “basenho” localizada a beira da praia do Rio Guaíba (à Rua da Conceição, depois da Rua Voluntários da Pátria, próximo aos armazéns da Viação Férrea do RGS).

Basenho

- O dinheiro para a construção do “basenho” foi obtido com a colaboração dos associados mediante lançamento de quotas sociais. Conforme Daudt, (1942, p. 7)

Nota:
- O príncipe Gastão de Orleans, Conde D’Eu, marido da princesa-herdeira do Brasil, D. Isabel que visitou a sociedade em 1885, durante sua estada em Porto Alegre e contribuiu com uma quantia em dinheiro. A piscina foi destruída em conseqüência de um incêndio ocorrido nos armazéns da estrada de ferro, em fins de 1916.

Em 14 de fevereiro de 1953, a sociedade de ginástica Turnerbund construiu uma nova piscina em sua sede social.

Final do século XIX, o Ruder Club (Clube de Regatas Porto Alegre) e o Ruder Verein Germânia (Clube de Regatas Guahyba) também passam a incentivar a prática da natação no Rio Guaíba.

Em 1890, a Sociedade de Ginástica Turnerbund juntamente com o “Ruder Club Porto Alegre” e a “Naturheilverein” (Sociedade para a Cura Naturalista) organizam a “Schwimmverband” (Liga de Natação).

Em 1897, realiza-se a primeira prova de natação em “distância longa” no Rio Guaíba, partindo da Rua Hoffmann até a piscina (basenho) da SOGIPA.

Início do século XIX. o clube de Regatas Almirante Tamandaré (fundado em 1903), o Clube Almirante Barroso (1905) e o Club Canottieri Duca degli Abruzzi (1908), além do remo ofereciam natação aos seus associados.

Em 1931, o Clube Excursionista e Sportivo (1902) inaugura a primeira piscina do Estado, para a prática da natação e saltos ornamentais.

Em 1932, dois anos depois, o Grêmio Náutico Gaúcho (fundado em 1929) também constrói sua piscina.

Em dezembro 1942, o Grêmio Náutico União (1906) inaugura sua piscina com 25 metros. Na época foi considerada a melhor piscina do Estado para a realização de competições de natação, pólo aquático e saltos ornamentais.

Na década de 1950, o clube Grêmio Náutico União ampliou seu espaço físico adquirindo novas sedes em bairros centrais de Porto Alegre e na Ilha do Pavão, sendo conhecido como o “Clube das Três Sedes”.

Década de 1940, nas competições de natação, o público lotava o Grêmio Náutico União que rivalizava com o Club Excursionista Sportivo, até a extinção de seu departamento de natação. Depois, o Grêmio Náutico Gaúcho tornou-se o novo adversário do Grêmio Náutico União (Cabral, 1946).

Bolão

Em 1896, a Gesellschaft (Sociedade Leopoldina, 1863), cria o primeiro grupo de bolão do Brasil denominado “Grupo de Bolão 14 de abril”.

- É considerado o segundo grupo de bolão mais antigo da América do Sul (ALJ, 2001, p. 19).

Em 1918, a prática de algumas modalidades esportivas era comum e extremamente difundida entre as mulheres. O principal dentre outros esportes era o bolão, um grupo de mulheres alemãs, que freqüentavam a Sociedade Leopoldina, criam o “Grupo de Bolão Violeta Arco-Iris”, em Porto Alegre, do total de 653 atletas de Bolão, 55 eram mulheres. (ATLAS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL)

Década de 1940, neste estágio existiam em Porto Alegre sete associações esportivas voltadas para a prática do bolão, todas criadas pelos teuto-brasileiros.

Tênis

Em 1896, foi fundada a primeira associação de tênis, o “Tennis Club Walhalla”, pelos imigrantes alemães (Oliveira, 1996, p. 163).

Em 1902, o “Club Excursionista e Sportivo” começa a desenvolver o tênis.

Em 1914, a Sociedade de Ginástica Turnerbund cria seu departamento de tênis chamado “Tênis Clube Germânia”.

Em 04 de setembro de 1929, a organização das associações de tênis possibilitou a criação da Federação Riograndense de Tênis - FRGT.
Os clubes fundadores foram: - Club Excursionista Sportivo, British Club, Tennis Club Walhalla, Tennis Club Germânia.
O primeiro presidente da federação foi Max Ertel.

Em 1938, o tênis foi encampado pela Associação Leopoldina Juvenil - ALJ.
A ALJ resultou da fusão da Sociedade Leopoldina (05/12/ 1863) e do Club Recreio Juvenil (1903) (ALJ, 2001, p. 20).

- A Sociedade Leopoldina, desde o princípio, se diferenciava das outras sociedades pela promoção dos bailes de gala, festas e homenagens a pessoas e setores importantes da vida portoalegrense.

- O Club Recreio Juvenil reunia nas reuniões dançantes e festas sociais somente jovens solteiros da elite porto-alegrense.

- A Associação Leopoldina Juvenil seguiu a tradição herdada das entidades antecessoras, buscando figuras de destaque para ocupar sua presidência.

Em 1940, a FRGT contava com 7 clubes da capital filiados e 26 clubes do interior do Estado.

Ciclismo

Em 1896, imigrantes alemães fundam a primeira sociedade de ciclismo de Porto Alegre denominada “Rodforvier Verein Blitz” (Sociedade Ciclística Blitz) (Lima, 1909).
Um dos seus fundadores foi Alberto Bins, que ajudou financeiramente na aquisição do velódromo à Rua Voluntários da Pátria em Porto Alegre.

Em 1897, a Sociedade Blitz promove a primeira corrida ciclística nas ruas de Porto Alegre.

Em 1898, realiza-se a primeira disputa ciclística em pista oficial no Velódromo Rio-Grandense, que se estendia até a parte central do Prado Independência.

Em 1899, cria-se a União Velocipédica, que neste mesmo ano inaugura seu velódromo no terreno locado pelo município de Porto Alegre, onde atualmente localiza-se o Instituto Parobé.

Em 1900, iniciam-se as disputas ciclísticas no âmbito estadual, que passaram a ser realizadas anualmente popularizando o ciclismo em Porto Alegre e no Estado (Franco, 1988).

- Havia um grande número de ciclistas tanto na Sociedade Blitz como na União Velocipédica. O público porto-alegrense comparecia aos velódromos para assistir as competições que tinham um aspecto festivo (Revista do Globo, 1936, p. 15).

Início do século XX, os velódromos são extintos e o ciclismo começa a desaparecer. A decadência do ciclismo coincide com o aumento do trânsito de automóveis nas ruas e a ascensão do futebol (Franco, 1988; Damo, 1998).

Em 17 de outubro de 1935, foi organizada a Federação Riograndense de Ciclismo e Motociclismo, pelo Clube Esperança, Rio Grandense e Júpiter.

Década de 1940, o ciclismo sofre dificuldades com a falta de peças para suas bicicletas importadas, em conseqüência da segunda guerra mundial. No período, foram realizadas poucas provas oficiais (Amaro Júnior, 1944, p. 67).

Esgrima

Final do século XIX, neste período, a esgrima era praticada na SOGIPA. Durante muitos anos esta sociedade de ginástica reuniu os melhores esgrimistas de Porto Alegre, e promoveu competições somente no âmbito interno da própria sociedade.

Em 1923, a SOGIPA contrata o mestre-de-armas alemão, Ferdinand Fenchel com o objetivo de incrementar o número de praticantes e estruturar o departamento de esgrima, junto com o mestre-de-armas da sociedade, Georg Black.

Em 1924, a SOGIPA inaugura o novo departamento de esgrima com o nome de “Grupo de Esgrima Teutônia”.

Em 1927, realiza-se o Primeiro Campeonato Estadual de Esgrima, pelo Colégio Militar de Porto Alegre. Em termos de tradição, cumpre destacar que a esgrima, juntamente com a ginástica, natação e equitação foi incluída nos cursos da Escola Militar do Rio Grande do Sul, através do Decreto nº 9.251 de 16/06/1884.

Em 1931, organiza-se a Liga de Esgrima de Porto Alegre. Mesmo assim, a esgrima continuou desenvolvendo-se lentamente em relação aos outros esportes. A esgrima reunia poucos praticantes no Estado e os esgrimistas gaúchos não tinham uma participação expressiva no cenário nacional.

Década de 1940, a esgrima porto-alegrense começa a ter maior visibilidade nacional.

Em 29 de outubro de 1941, foi organizada a Federação Riograndense de Esgrima.

Em 1943, pela primeira vez o Estado do Rio Grande do Sul foi representado no Congresso Brasileiro de Esgrima. Porto Alegre foi designada para sediar o próximo campeonato nacional, certamente uma deliberação que visava promover e incentivar a prática da esgrima no Estado (Amaro Júnior, 1944, p. 109).

Bocha

Em 02 de dezembro de 1930, foi criado o “Club de Bocia Caminho do Meio” pela comunidade italiana. A bocha era praticada exclusivamente pelos homens.

Mulheres na Bocha

Em 1983, ocorreu a primeira participação das mulheres em competição, em caráter de demonstração.

Em 1987, as mulheres começaram a participar oficialmente nas competições.

Em 08 de fevereiro de 1933, a bocha começa a ser desenvolvida pelo Independente Foot-ball Clube.

Em 22 de setembro de 1937, foi criado o Círculo Operário Ferroviário do Rio Grande do Sul, cujo esporte principal era a bocha.

Em 01 de fevereiro de 1938, um grupo de militares do exército fundou o “Club de Bocias Central”.

Em 1942, organiza-se a Associação Porto Alegrense de Bocha. Em cumprimento ao Decreto-Lei nº 3.199 de 1941, a associação foi extinta e no seu lugar criada a Federação Riograndense de Bocha, em 04/04/1944.

Punhobol

Década de 1900, o punhobol (festball) foi introduzido na Sociedade de Ginástica Turnerbund (Oliveira, 1996).

Em 02 de dezembro de 1927, foi criada a Associação dos Antigos Alunos Maristas de Porto Alegre -AAMPA, cujo esporte principal era o punhobol.

Década de 1940, a Sociedade de Ginástica Turnerbund reunia os melhores jogadores de punhobol de Porto Alegre.

Futebol

Em 1903, criam-se na mesma data os primeiros clubes de futebol em Porto Alegre:
- Fuss-ball Club (15/09/1903), pela iniciativa dos ciclistas da “Rodforvier Verein Blitz”;
- Grêmio Foot-ball Portoalegrense (15/09/1903) por remadores as associações de remo teuto-brasileiras (Oliveira, 1912, p. 97-98).

No início do mês de setembro de 1903, a sociedade porto-alegrense foi apresentada ao futebol pelo Esporte Clube Rio Grande (1900), o mais antigo clube de futebol ativo no Brasil.

- A demonstração do futebol no campo improvisado no atual Parque Farroupilha foi marcada por uma grande festa, com a presença das associações desportivas, seus dirigentes e atletas e, um razoável público.

Em 1904, o Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense fez um empréstimo junto ao Banco Alemão para a aquisição do terreno do campo de futebol próximo das instalações do Clube de “Tiro Alemão”, no atual Parque Moinhos de Vento (GFBPA, 1983; Ostermann, 2000).

Até 1909, das 19 disputas do Grêmio, 17 partidas foram realizadas com o Fuss-ball Club. As duas outras partidas foram disputadas com clubes teuto-brasileiros de outras cidades do interior do Rio Grande do Sul (Damo, 1998, p. 92).

Em 1909, o predomínio germânico nas associações de futebol portoalegrense sofre uma “reação nativa” com a criação de uma associação pluriétnica, o “Sport Club Internacional” (Jesus, 2001, p. 208).

- A organização da nova associação foi impulsionada por homens de “camadas médias e oriundos de segmentos étnicos subalternos no contexto local”. O Internacional iniciou com o futebol, seu esporte principal e, posteriormente introduziu o atletismo e basquete.

Em 1909, a sociedade de ginástica cria a equipe de futebol denominada “Frisch-Auf” dirigida pelo professor de ginástica e ex-jogador do Grêmio Foot-ball Porto-Alegrense, sr, Georg Black Sen. A sociedade de ginástica comprou um terreno para a construção do campo em 1910, com auxílio do Hilfsverein (Colégio Farroupilha) e de um grupo de voluntários chamados “amigos do estádio”. Os primeiros jogos de futebol do “Frisch-Auf” foram disputados por volta de 1912. As partidas eram disputadas somente com o Grêmio Football Porto-Alegrense, uma associação de futebol que integrava a rede da comunidade teuto-brasileira.

Em 1910, a partir deste ano multiplicaram-se as associações de futebol:
Esporte Clube São José (1913),
Sociedade Esportiva Sokol (1913),
Esporte Clube Cruzeiro (1913),
Sport Club Ruy Barbosa (1915),
Ipiranga Futebol Club (1917).

O Acontecimento

Em 1917, o time de futebol da sociedade chamado “Manschaft Frisch Auf” (Equipe Sempre Avante) foi o centro de um conflito ocorrido durante uma partida com o popular Clube Porto-Alegrense. O campo de futebol foi invadido pela torcida armada de paus e garrafas vazias ocasionando uma briga generalizada envolvendo o árbitro e jogadores (Tesche, 1996). Este acontecimento reproduziu em campo velhas desavenças étnicas entre os luso-brasileiros e alemães relacionadas à formação de um sentimento nacional de brasilidade.

Em 1918, surge a Liga Porto Alegrense de Futebol (atual Federação Gaúcha de Futebol), com destacada influência do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense.

Década de 1920, aparecem 13 novas associações de futebol em Porto Alegre. O futebol sofre os reflexos da consolidação da sociedade urbano-industrial e da participação da população brasileira no quadro político nacional, sob a influência do populismo (Sodré, 1977). O futebol que era desenvolvido pelas associações desportivas de forma amadora começou a se profissionalizar.

Década de 1930, criam-se 66 novas associações de futebol e muitas associações esportivas existentes incorporaram a prática do futebol.

Ao final da década de 1930, totalizava-se 88 associações, cujo esporte principal ou único esporte praticado era o futebol. Os moradores de bairros, vilas e empresas porto-alegrenses criaram seus times.

O Desmantelamento

- O associativismo estendeu-se para as camadas populares, através do futebol. As tradicionais associações de remo de Porto Alegre criticavam o desmantelamento dos ideais do associativismo.

No final desta década, o Campeonato Popular de Futebol de Porto Alegre era destacado pela imprensa gaúcha, como o maior neste gênero realizado no país.

- O número de associações participantes crescia a cada ano:
1937 – 60 clubes;
1938 – 102 clubes;
1939 – 106 clubes;
1940 – 172 clubes.
A abertura do campeonato – uma grande parada olímpica, era prestigiada pelo público aproximado de 4.000 pessoas (Pimentel, 1940).

Em 1938, a Federação Rio Grandense de Futebol – FGF registrou 65 clubes filiados e 3.008 atletas, além de um campeonato de futebol e 24 jogos oficiais de campeonatos dirigidos diretamente pela Federação.

Em 1941, constatou-se a existência de 111 associações de futebol, em Porto Alegre. A incorporação do futebol como uma das marcas do povo brasileiro aconteceu juntamente com o estabelecimento do Estado Novo (1937-1945). O futebol consagra-se perante as demais práticas esportivas em Porto Alegre.

Foram registrados 349 clubes filiados e 10.095 atletas, a realização de 29 campeonatos e 926 jogos oficiais.
A Federação Gaúcha de Futebol possuía 10.095 atletas registrados, sendo 9.964 atletas de nacionalidade brasileira.
Os demais atletas pertenciam as seguintes nacionalidades:
46 uruguaia,
21 polonesa,
18 italiana,
14 argentina,
7 lituana,
7 portuguesa,
7 alemã,
3 espanhola,
2 russa,
1 paraguaia,
1 húngara (Pimentel, 1945, p. 164 e p. 182).

Em 1943, estes dados foram apresentados no Congresso Estadual de Futebol, com a finalidade era discutir uma nova estrutura administrativa para o futebol no Rio Grande do Sul, realizado em Porto Alegre.

Basquete e Voleibol

Em 26 de novembro de 1901, a Associação Cristã de Moços (ACM) foi instalada em Porto Alegre, pelo professor americano Frank Long. A ACM divulgou especialmente o basquete e o voleibol (Buono, 2001).

Em 1925, organizada a Liga Atlética Riograndense LARG para supervisionar o voleibol, o basquete, o atletismo e a esgrima.
A LARG foi fundada pelas seguintes associações:
Associação Cristã de Moços,
Grêmio Foot-ball Porto Alegrense,
Clube de Regatas Almirante Barroso,
Sociedade de Ginástica Turnerbund,
Clube de Regatas Guaíba,
Esporte Clube Eiche e
Clube de Regatas Pôrto Alegre.

No final de 1929, o Esporte Clube Internacional, o Esporte Clube Cruzeiro, a Sociedade de Ginástica Navegantes São João, o Fuss Ball Clube Pôrto Alegre e o Grêmio Náutico Gaúcho ingressaram na LARG.

Em 1926, a SOGIPA introduziu a prática do basquete e do voleibol e, dois anos depois participou do campeonato da cidade (Tesche, 1996, p. 68).

Década de 1940, o basquete era praticado na Sociedade Turnerbund, na ACM, na Academia da Policia Militar.

Boxe

Década de 1920, as lutas de boxe são promovidas em Porto Alegre.

- A ACM foi responsável pela difusão do boxe em Porto Alegre e no Brasil.

- A academia “Southern Boxing Club” promovia o boxe em Porto Alegre, com as disputas sendo realizadas nos salões da Sociedade Leopoldina (atual ALJ) e no palco do Cinema Carlos Gomes (Revista do Globo, n. 323, p. 62).

Golfe

Em 1930, funda-se neste ano o Country Club dedicado ao golfe que teve como presidentes representantes dos teuto-brasileiros. O funcionário da portaria do clube testemunhou que “em cinco décadas, ele já viu passar por esta porta gerações de famílias tradicionais” (Jornal Zero Hora, Revista ZH DONNA, 10 de junho de 2001, p. 5).

Final da década de 1930, organiza-se a Federação Riograndense de Golf.

Vela

Década de 1930, o esporte dos barcos à vela começa a fazer parte do estilo de vida da elite porto-alegrense. Fundam-se:
Grêmio Desportivo Masson (1930)            ,            
Iate Clube Guaíba, o Yacht-Club de Porto Alegre (1933),                   
Sociedade Náutica Veleiros do Sul (1934).

- Além do iatismo, os clubes promoviam bailes e festas que congregavam a elite política e econômica de Porto Alegre (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940, p. 637).

Em 21 de novembro de 1936, organizou-se a Federação de Vela e Motor do Rio Grande do Sul.

A partir de 09 de junho de 1941, foi chamada de Federação de Vela e Motor do Rio Grande do Sul.

Em 1941, fundou-se o Clube dos Jangadeiros.

Copa do Mundo      

Em 1959, o Clube dos Jangadeiros foi sede da Copa do Mundo de Iatismo (Revista Panathlon Internacional, 2000, p. 2).

Em 21 de novembro de 1984, denomina-se Federação de Vela do Rio Grande do Sul.

Resultados e Legado    

Nos Diários Oficiais de 1950, entre as 317 Associações Voluntárias inventariadas, 96 são associações esportivas. Destas, podemos destacar algumas associações esportivas de fundação Teuto-brasileira, importantes por manterem suas atividades até os dias atuais:
- Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Turnerbund),
- Grêmio Náutico União (Ruder Verein-Freundschaft)
- Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo (Turnverein New Hamburg) entre outras. 
        
Em 1924, na obra Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul (1824-1924), ano do Centenário da Imigração Alemã no RS, encontramos o registro de 327 Associações Voluntárias, todas elas Teuto-brasileiras, e em grande parte, associações esportivas.
Entre as principais, podemos destacar:
- Sociedade Leopoldina (Gesellschaft),
- Sociedade de Remo Guayba,
- Sociedade de Remo Porto Alegre. 
        
Em 1886, o fenômeno do associativismo esportivo teuto-brasileiro explica-se pela criação da Federação das Associações Alemãs de Porto Alegre que tinha por finalidade:

“Reunir as associações alemãs mediante a preservação dos direitos e da índole alemã assim como a promoção da germanidade como um todo...” (Rambo, 1999).

Segundo Mazo (2007):

“É provável que os teuto-brasileiros produziram uma identificação através da fundação de associações esportivas. (...) Sendo assim, o associativismo esportivo, que engloba um amplo repertório de símbolos, valores, normas, comportamentos e outras formas de representações, pode ser visto como um mecanismo de afirmação da identidade cultural teuto-brasileira.” (p. 494).
        
Dos diversos esportes praticados pelos imigrantes europeus de cultura alemã, podemos citar o basquete, a bocha, o bolão, o boxe, caça e tiro, ciclismo, esgrima, futebol, futsal, ginástica, golfe, hipismo, judô, luta livre, motociclismo, natação, pólo, pólo aquático, punhobol, remo, saltos ornamentais, tênis, tiro ao alvo, turfe, voleibol e xadrez, entre outros. 
           
Em 1867, o Deutscher Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica) foi fundado por um grupo de imigrantes alemães.

Em 1892, é fundado o Turnerbund, pela fusão do Deutscher Turnerverein ao Turnklub. Entre suas atividades principais até 1950 estão: - ginástica, tiro ao alvo, natação, esgrima, bolão, atletismo, futebol, punhobol, tênis, voleibol, basquete e pugilismo.

Em 1924, em ocasião da comemoração do Centenário da Imigração Alemã, a Sociedade Turnerbund contou pela primeira vez com a participação de mulheres na competição de atletismo. 

Em 1906, o Ruder Verein-Freundschaft (Sociedade de Regatas Amizade) foi fundado por seis garotos de etnia alemã, e tinha como objetivo principal a prática do remo, entre outros esportes.

Nota:
- Segundo a história do clube, as mulheres tiveram participação importante na fundação: as irmãs dos garotos que fundaram o clube criaram a primeira bandeira.

A Turnverein New Hamburg, fundada em 1894, teve a inauguração de sua sede própria apenas em 1912 e entre suas atividades estavam a ginástica, o bolão, o tênis e o punhobol. Muitos dos aparelhos utilizados na ginástica foram trazidos diretamente da Alemanha.

Em 1863, foi fundada a Sociedade Leopoldina (Gesellschaft).

Em 1906, a Sociedade Leopoldina (Gesellschaft) passou a ter uma sede própria.

Em 1940, a Sociedade Leopoldina juntou-se ao Club Recreio Juvenil passando a denominar-se Associação Leopoldina Juvenil

Em 1888, o Ruder Club foi fundado.

Em 1892, é fundado o Ruder-Verein Germania. Todas essas associações teuto-brasileiras possuíam o objetivo comum de construir espaços para o desenvolvimento do “germanismo”, para o resgate da cultura alemã, o cultivo das tradições e o fortalecimento frente às pressões sofridas pelas tentativas de nacionalização, durante a Primeira Guerra Mundial.

- Uma das principais exigências impostas às associações teuto-brasileiras foi a da mudança de nome. Toda a associação deveria ter sua denominação em língua portuguesa.

- Em função disto, o Turnerbund passou a se chamar Sociedade de Ginástica de Porto Alegre, o Ruder Verein-Freundschaft passa a chamar-se Grêmio Náutico União e o Turnverein New Hamburg passa a chamar-se de Sociedade de Ginástica de Novo Hamburgo.

Isso acontece antes de 1950, pois nos registros coletados nos Diários Oficiais daquele ano (extratos de estatutos), essas Associações já aparecem com a denominação em Língua Portuguesa. A Gesellschaft, o Ruder Club  e o Club de Remo Germânia também tiveram seus nomes modificados, e foram encontrados nos registros de 1924 “Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul (1824-1924)”, denominando-se Sociedade Leopoldina, Clube de Remo  Porto Alegre e Clube de
Regatas Guayba, respectivamente. 
       
Na década de 1930, após a Primeira Guerra Mundial, houve um ressurgimento do sentimento de nacionalismo alemão que se confrontou com as idéias do nacionalismo brasileiro (Mazo, 1997).

- A partir do Governo do presidente Getúlio Vargas que pretendia consolidar o Estado Nacional, foram adotadas medidas mais firmes na tentativa de nacionalização. Essas medidas refletiram numa grande interferência por parte do governo nas associações esportivas teuto-brasileiras, pois estas eram sinônimos de expressivas manifestações culturais dos associados à sua pátria-mãe e muitas foram inclusive denunciadas como “núcleos nazistas” ou “facistas”.

- Decretos-Lei como o de número 3.199, do dia 14 de abril de 1941 que “Estabelece as bases de organização dos desportos em todo o país.” Foram medidas decisivas para a intervenção direta nas organizações esportivas.

- Essas organizações tiveram que se adaptar às exigências do governo para continuarem suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente após o Brasil colocar-se a favor dos países aliados.

Final

- A partir das ações de nacionalização muitas das Associações modificaram seus estatutos e colaboraram com o novo quadro político, outras apesar da maior resistência, mantiveram-se em funcionamento e outras não resistiram às pressões externas e acabaram por encerrar suas atividades.
Mas todas as Associações Desportivas contribuíram e deixaram seu legado.

Adaptado dos grandes trabalhos:

- DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS D O ESPORTE N O BRASIL. RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006 6.13

- O ASSOCIATIVISMO NO RIO GRANDE DO SUL (1920-1950)
Associações esportivas teuto-brasileiras
Por OSWALD, Tamara
Acadêmica de História-UFPel, bolsista FAPERGS (tamyzinha-sls@hotmail.com).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ATLAS DO ESPORTE NO RIO GRANDE DO SUL, p. 87-101
http://www.cref2rs.org.br/atlas/cd/index.htm, acesso dia 20 de agosto de 2009, às 15:00 horas.
COHEN, Jean L., ARATO, Andrew. Sociedad civil y teoría política. México: Fondo de
Cultura Económica, 2000. HOFFMANN, Stefan-Ludwig.  Democracy and Associations in the Long Nineteenth
Century: Toward a Transnational Perspective. The Journal of Modern History. V. 75,
June 2003, p. 269-299. 
MAZO, Janice Zarpellon. “A nacionalização das associações esportivas em Porto Alegre (1937-1945)”. In: Movimento. v. 13, n. 03. Porto Alegre: setembro/dezembro de 2007, p. 43-63.
NOVAK, William J.  The American Law of Association: The Legal-Political Construction of Civil Society. Studies in American Political Development. V. 15, Fall
2001, p. 163-188.
PORTES, Alejandro.  Capital Social: Origens e Aplicações na Sociologia
Contemporânea. Sociologia, Problemas e Práticas, n. 33, 2000, pp. 133-158.
PUTNAM, R. Bowling alone: the collapse and revival of american community. New
York: Simon & Schuster, 2000. Comunidade e Democracia. A experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1996.
RAMBO, Arthur Blasio. Hunder Jahre Deutschtum in Rio Grande do Sul – Cem anos de Germanidade no Rio Grande do Sul (1824-1924). São Leopoldo, Ed. Unisinos,
1999.
SILVA Jr. Adhemar Lourenço da.  O associativismo no Rio Grande do Sul (1920-1950). Projeto de Pesquisa apresentado à FAPERGS, 2008.

TOCQUEVILLE, Alexis de.  A democracia na América: sentimentos e opiniões. Deuma profusão de sentimentos e opiniões que o estado social democrático fez nascer entre os americanos. São Paulo: Martins Fontes, 2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário