Bem Vindo

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Porto Alegre e os Conflitos


A REVOLUÇÃO FARROUPILHA
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Porto Alegre capital do Rio Grande do Sul
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1835
Aqui na Fazenda das Pedras Brancas começou o levante para a criação da República do Pampa.
O cipreste resiste ao tempo..A cidade tinha nesta época - 1830 - entre 12 e 15 mil habitantes, cinco igrejas, uma alfândega, dois quartéis, um hospital, um asilo de pobres e uma cadeia, diversos jornais. À noite, as ruas eram iluminadas com candeeiros que utilizavam óleo de peixe,
O ataque a Porto Alegre foi articulado na Fazenda das Pedras Brancas, de propriedade de José Gomes Jardim, primo de Bento Gonçalves, onde hoje é o centro de Guaíba.

Cerca de 100 rebeldes tomaram pequenos barcos e partiram da praia da Alegria na madrugada do dia 18 para o dia 19 de setembro de 1835. Era preciso atravessar o Guaíba na altura do Porto das Pedras Brancas sem que uma canhoneira imperial percebesse a manobra.
Concentrados no morro da Azenha, os rebeldes farroupilhas invadem Porto Alegre na madrugada de 20 de setembro - onde ficam até 15 de junho de 1836 - tomando nos meses seguintes Piratini, Rio Pardo e Rio Grande.
A importância da Marinha Imperial revelou-se desde cedo. Porto Alegre se manteve livre dos farrapos porque utilizavam as vias navegáveis - principalmente estuário do Guaíba e Lagoa dos Patos - para trazer tropas, mantimentos e equipamentos. E foi graças à ela que Bento Manoel conseguiu aprisionar Bento Gonçalves na Ilha do Fanfa, em 4 de outubro de 1836.
Depois da retomada da cidade pelos legalistas, Porto Alegre enfrentou mais três sítios, feitos a partir de Viamão, em junho e julho de 1836, depois de 1837 até 1840, em meses alternados.

Vista de Porto Alegre da época da Revolução Farroupilha, a partir da zona sul

1836

Os imperiais expulsam os farroupilhas de Porto Alegre, mas o cerco continuou por mais quatro anos. Antonio de Souza Netto, no dia 11 de setembro proclama em Seival, a independência do Rio Grande do Sul e a sede da república é instalada em Piratini. Bento Gonçalves é preso na batalha da Ilha do Fanfa, no rio Jacuí, próximo de Triunfo e é levado para a Bahia.


Declaração da República Rio-grandense. Òleo do acervo do Governo do RS
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Antiga Ponte da Azenha
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Ponte da Azenha - século XIX
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Tomada na Ponte da Azenha, Tropas Farroupilhas e Imperais
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Ponte da Azenha (atual)
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Placa comemorativa na Ponte da Azenha
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A REVOLUÇÃO FEDERALISTA

- Na Revolução Federalista, Porto Alegre foi bombardeada em 24/12/1892 pela flotilha integrada pelas canhoneiras Marajó e Camocim, comandada pelo capitão-tenente Cândido dos Santos Lara.
(Correio do Povo, 11/06/78, p.21)
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Maragatos - 1893
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O Fato Histórico
No dia 21 de Junho de 1892, a cidade de Porto Alegre sofreu um sitiamento pela canhoneira Marajó que tinha em seu comando João de Barros Cassal e o Capitão Tenente Candido dos Santos Lara, comandante da flotilha da Marinha Brasileira e pelo barco Camocim tendo no comando o Tenente Aníbal Eloy Cardoso.

Às 9 horas da manhã, em nome das forças de terra da Marinha e do povo, João de Barros Cassal intimou o general Bernardes Vasques a abandonar, dentro de uma hora, a importantíssima comissão de que o investira o governo federal, não atendendo a intimação, Porto Alegre seria bombardeada. Para efetivar sua intimação, a canhoneira Marajó e o Camocim, colocaram-se em prontidão, assumindo posicionamento de guerra.

O general Bernardes Vasques, tomou providências e colocou em prontidão todas as forças sobre seu comando, o exército, a guarda cívica e uma numerosa força civil pertencentes ao Partido Republicano liderada pelo senador Ramiro Barcelos.

Eram 10 horas da manhã quando rompeu o fogo da Marajó em direção à sede do governo constitucional do Estado, sendo o primeiro tiro de pólvora seca, seguindo outros da mesma natureza até ser acompanhados de balas, onde cruzavam por cima do palácio, ”cada tiro que fazia estremecer o solo”.

Duas dessas balas foram encontradas nas imediações do Menino Deus, próximo da estação do telégrafo, foi duas balas de metralhadora. Por toda o litoral foi estendida trincheiras para proteção da cidade e seus cidadãos.

Os motivos que levaram ao bombardeamento foi à demissão do tenente Lara, pelo ministro da Marinha, e não aceitando a demissão o mesmo se rebelou contra o governo da legalidade no Estado.

Às 12 horas 50 minutos, com a Marajó postada em frente à Rua General Silva Tavares, com a proa voltada para o ocidente, disparou o primeiro tiro de pólvora seca, logo em seguida o segundo tiro de canhão sucedendo-se centenas logo atrás.

“À proporção que disparava incessantemente seus canhões e metralhadoras ‘Nordentfeld’, mandando uma verdadeira chuva de balas para terra, a canhoneira movia-se lentamente pelo litoral adiante, sustentando um fogo vivíssimo e selvagem, crivando de projeteis as rua, paredes dos edifícios públicos e particulares, pretendendo em fim arrasar tudo”.

Em terra as forças militares revidaram o fogo e alvejaram a Marajó com tiros de canhão e espingardas, acompanhando-a em seu movimento e obtendo a melhor visão de fogo para destruí-la. “A Marajó sofreu visíveis avarias, levou tiros de canhão na popa, no casco e nos escalares”. Já chegando próximo à volta do gasômetro, a Marajó levou um “canhonaço” que fez desgovernar e cessar o fogo, ficando a deriva e sendo preso seus tripulantes logo em seguida.

Conclusão
Com esse fato histórico apresentado, e todo o processo de apavoramento que sofrera a população porto-alegrense, onde movimentou as bases sociais da cidade, com o fechamento do comércio, a organização política e a solidariedade da sociedade, podemos dizer o quanto foi importante a Canhoneira Marajó fazer parte desse sitiamento, pois fez surgir um movimento social-político de profunda importância a nossa história do Rio Grande do sul.

Partindo dessa maneira de ler a história, a Revolução Federalista de 1893 se apresenta como uma legitimação de um movimento revolucionário, onde faz emergir uma insatisfação e manifestação em forma repressiva a população civil e militar no Rio Grande do Sul, causando um ano antes (1892) uma amostra de como a política se modificariam com a Revolução, e o custo para uma população urbana e rural do Estado.


Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República. Isto ocorreu devido à instabilidade política gerada pelos federalistas que pretendiam "libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos", então presidente do Estado.
Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear a revolução federalista, uma guerra civil que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895 e foi vencida pelos pica-paus, seguidores de Júlio de Castilhos.
A divergência se iniciou por atritos ocorridos entre aqueles que procuravam a autonomia estadual frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada durou aproximadamente três anos e atingiu as regiões compreendidas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
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Greve Geral de 1917
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Na eleição seguinte Borges retornou ao governo, conseguindo se reeleger uma quarta vez, e realizou mais uma administração importante. Enfrentou uma das maiores ondas de greves da história do estado, mas foi conciliador com os grevistas. Aumentou os salários dos funcionários públicos e decretou medidas protecionistas para produtos essenciais como o feijão, arroz e banha. Mas teve de pedir um substancial empréstimo externo para financiar seu intenso programa de obras públicas. Em Porto Alegre ele foi um dos motores de uma febre construtiva que reformulou o perfil da paisagem urbana, sendo erguidos muitos prédios públicos de grande luxo e realizadas várias obras de urbanização, já que a cidade deveria ser "o cartão de visitas do Rio Grande do Sul.
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Milícia guarda fábrica durante greve de 1917
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Revolução de 1923
O resultado foi a última das grandes guerras civis do estado, a Revolução de 1923, chamada de "A Libertadora", que procurou acabar com o continuísmo de Borges de Medeiros. O tumulto mal chegou às portas das cidades, limitou-se ao campo, e foi um confronto desigual. De um lado os revoltosos, desorganizados, em menor número e com munição precária, usando armas do tempo da Revolução Farroupilha, contra a Brigada Militar, bem treinada e equipada com metralhadoras e grande volume de soldados. Os revoltosos perderam a questão e Borges ficou por um quinto mandato, mas teve de renunciar a uma sexta reeleição. O governo federal não se envolveu, a não ser como intermediário nas conversações que levaram à Paz de Pedras Altas, selada em 14 de dezembro, que foi um acordo bastante equânime e conciliador.
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 Assinatura do Tratado de Pedras Altas -Pelotas-RS
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Revolução de 1930
Revolução de 30
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A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.
Getúlio Vargas parte de Porto Alegre ouvacionado pelo povo e chegam ao Rio de Janeiro capital da república, onde amarram seus cavalos no obelisco da av. Central..
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Obelisco da Av. Central
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Em 1929, lideranças de São Paulo romperam a aliança com os mineiros, conhecida como política do café-com-leite, e indicaram o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Em reação, o Presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada apoiou a candidatura oposicionista do gaúcho Getúlio Vargas e João Pessoa que é morto na Paraíba e gera o estopim para a revolta.
Getulio Vargas já havia sido Ministro da Fazenda no início do governo do presidente Washington Luiz.
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Getulio está na terceira fila.
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Em 1 de março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da República que deram a vitória ao candidato governista, que era o presidente do estado de São Paulo Júlio Prestes. Porém, Júlio Prestes não tomou posse, em virtude do golpe de estado desencadeado a 3 de outubro de 1930, e foi exilado.
Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha.
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Multidão em Porto Alegre a favor da Revolução de 30
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Getulio Vargas - 1930
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Correio do Povo - 1930
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Mensagem de Vargas para Osvaldo Aranha
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No dia 05 de outubro de 1930 Osvaldo Aranha e Flores da Cunha ocupam  o Quartel General do Exército em Porto Alegre, para acabar com as reações em contrário.
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Os Gaúchos no Rio e Janeiro
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o Ex-presidente Washington Luiz sai do Palácio do Catete acompanhado do cardel Sebastião Lemos
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Getúlio Vargas e membros da Junta de Governo em 31.10.1930
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Revolução Paulista de 1932



A Revolução e Suas Conseqüências
A Convocação Paulista
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Em 9 de julho eclodiu o movimento revolucionário, com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais (porque o apoio desse estado que dois anos atrás havia provocado a revolução de 1930, justamente contra São Paulo), Rio Grande do Sul ( considerarmos que Getúlio Vargas era gaúcho e dois anos antes havia dado um golpe com o apoio de todos os gaúchos) e do sul de Mato Grosso, para a derrubada de Getúlio Vargas. Pedro de Toledo, que ganhara forte apoio dos paulistas, foi proclamado governador de São Paulo e foi o comandante civil da Revolução Constitucionalista. 



Soldados Paulistas entrincheirados - 1932
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Foi lançada uma proclamação da "Junta Revolucionária" conclamando os paulistas a lutarem contra a ditadura. Formavam a Junta Revolucionária, Francisco Morato do Partido Democrático, Antônio de Pádua Sales do PRP, Generais Bertoldo Klinger e Isidoro Dias Lopes. O general Euclides Figueiredo assumiu a 2º Região Militar.
Alistaram-se 200.000 voluntários, estimando-se que destes, 60.000 combateram nas fileiras do Exército constitucionalista.
No Estado, a Revolução de 1932, contou com um grande contingente de voluntários civis e militares e o apoio de políticos de outros Estados, como Borges de Medeiros (do Rio Grande do Sul), Artur Bernardes (de Minas Gerais) e João Neves da Fontoura (também gaúcho). No atual Mato Grosso do Sul foi formado um estado independente que se chamou Estado de Maracaju, que apoiou São Paulo.
Soldados Paulistas
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São Paulo esperava a adesão do interventor do Rio Grande do Sul, o estado mais bem armado, mas este na última hora decidiu enviar tropas não para apoiar São Paulo, mas para combater os paulistas.
Apesar da "traição" oficial do governo do estado, alguns gaúchos entraram na luta no próprio Rio Grande. Liderados por Borges de Medeiros um batalhão de cerca 450 homens praticava, utilizando termos atuais, táticas de guerrilha para fixar tropas federais, isto é, atacando destacamentos que partiriam do Rio Grande do Sul para vir reforçar os getulistas contra São Paulo, impedindo-os de chegar nos frontes, principalmente na frente paranaense.
Os revolucionários rio-grandenses tiveram um fim na Batalha de Cerro Alegre, no município de Piratini no dia 20 de setembro de 1932, quando foram mortos mais de duzentos homens das forças constitucionalistas e o líder Borges de Medeiros preso. Infelizmente os feitos destes bravos revolucionários estão quase esquecidos, principalmente pelo fato de não haver apoio oficial do governo, considerado uma grande traição pelos paulistas, criando assim uma rivalidade entre os dois Estados. O movimento paulista estendeu-se até 2 de outubro de 1932, quando foi derrotado militarmente. (abaixo foto do Ibirapuera - Monumento aos heróis de 1932)
Observe-se que, em 9 de julho, Getúlio Vargas já havia estabelecido eleições para uma Assembléia Nacional Constituinte e que já havia nomeado um interventor paulista - as duas grandes exigências de São Paulo. Porém a interferência do governo federal e dos tenentes em São Paulo continuava forte. Estes atos do Governo Provisório, porém, não evitaram o conflito, já que o que a elite paulista realmente almejava voltar a dominar a política nacional, como fazia anteriormente, reparando a injustiça de Júlio Prestes não ter tomado posse em 1930, dar uma constituição ao Brasil e terminar com as interferências da ditadura no governo de São Paulo.
Porém o término da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. Em 3 de maio de 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte quando a mulher votou pela primeira vez no Brasil em eleições nacionais. Nesta eleição, graças à criação da Justiça Eleitoral, as fraudes deixaram de ser rotina nas eleições brasileiras.
Na versão do governo, a revolução de 1932 não era necessária pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Segundo os paulistas, não teria havido redemocratização no Brasil, se não fosse o Movimento Constitucionalista de 1932.
Getúlio, terminada a revolução de 1932, se reconcilia com São Paulo, e depois de várias negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Sales Oliveira, participando, mais tarde, em 1938, pessoalmente da inauguração da avenida 9 de julho em São Paulo.Durante o Estado Novo, os dois interventores federais em São Paulo saíram das hostes do Partido Republicano Paulista: Adhemar Pereira de Barros (1938-1941) e Fernando de Sousa Costa (1941-1945) que havia sido secretário da agricultura do Dr. Júlio Prestes.

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